sexta-feira, 13 de julho de 2018

UMA CARTA DE UM PROFESSOR


ESCOLA PÚBLICA

12 JUL 2018 - Publicada no DN-Madeira

A Escola pública também é minha! Poderia bem ser o mote para uma mobilização nacional. Está a definhar, numa agonia lenta. E não me refiro às fusões ou encerramentos, essa é, assim acredito, uma inevitabilidade da conjuntura económica e demográfica. Pior! Deixou de ser o lugar onde o aluno quer estar e passou a ser, não raras vezes, onde tem de estar. Porquê? Porque fomos imprudentes. Porque a demos como adquirida. Porque não nos reinventámos. Porque nem sempre demos o melhor de nós. Porque nos desviámos do fim a que se destina, o aluno, para satisfazer interesses e vaidades pessoais. Porque exigimos o que não estamos dispostos a dar. Porque..., enfim. Mudemos de paradigma. Por vontade de preferência. Por decreto se necessário.Temos de admitir que falhámos. Todos. Por ação ou omissão. Por interesse ou desinteresse. Por incúria ou desleixo. E o aluno, bem raro e precioso, precisa, urgentemente, que a Escola Pública seja adulta e responsável, que o receba e cuide, ou alguém o fará. Pouco importa lamentar pelas escolas que fecham. Cuidemos das que estão abertas! Que o aluno seja a razão de ser do sistema educativo sem carregar as culpas pelas falhas do mesmo. Que os professores se valorizem e façam valorizar. Que a comunidade educativa seja exigente, atenta e participativa. Que as políticas educativas não percam recursos humanos, preparados, motivados e fundamentais à mudança de paradigma para uma escola pública inclusiva. Que se antecipe, gradualmente e de forma sustentada, o rejuvenescimento da classe docente. Que se estabeleçam, porque não, numerus clausus à contratação, aquém ou além, de cabimentos orçamentais. A Escola pública também é minha!
Paulo Serra
Professor contratado

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