sábado, 25 de agosto de 2018

AVÔ, NÃO HÁ NET!


Quase não vivemos sem o sinal de internet. Parece que tudo pára à nossa volta e que não temos soluções para a ausência desse sinal. Há dias, aqui em casa, durante uma manhã, por avaria de um equipamento, a net deixou de funcionar. Eu que venho de um tempo distante das tecnologias, hoje ao nosso dispor, eu e os quatro netos parecíamos ter entrado em desespero. Avô, não há net! Avô, quando é que o técnico vem? Até o mais novo, com três anos, para ver os programas do "Panda", a "Patrulha Pata" e outros no IPad, insistentemente, dizia: avô não há net. E eu, que não sou um "netdependente", lá no fundo, também, a olhar para as paredes! Para eles a net é tudo, desde os jogos à comunicação com os amigos. No tempo de escola é, também, a fonte de procura do conhecimento no quadro das aprendizagens. E quando jogam ficam em rede com dois, três e mais amigos, conversando e divertindo-se.

Os "carrinhos" do Século XXI!

Aquela manhã sem net fez-me também recuar no tempo, nada que não se saiba, mas as circunstâncias avivaram-me, naquele momento, as ocupações que tínhamos, os jogos tradicionais, eu sei lá, tantas as vivências que educavam no plano da educação motora, da leitura, da prática desportiva, da regra social, como na viagem sobre as profissões através do brincar fosse ao que fosse. Esse foi um tempo. 
Às vezes, repetindo o meu pai, hoje, quando, um neto me pergunta, por exemplo, o significado de uma palavra, digo-lhes, vai ao dicionário e, depois, conversamos. A resposta vem pronta: oh avô, abre aí o computador e deixa-me ver o significado. É mais fácil! E é!
Mas aquela manhã sem net proporcionou-me outras interrogações mais profundas. Entre várias, como é possível no tempo que estamos a viver, a escola, salvo raríssimas excepções, em muitos casos, ser difícil a acessibilidade (até por falta de pagamento do serviço), existir um condicionamento à plena utilização da tecnologia, desde os telemóveis aos Ipad, pior, não estar nem minimamente preparada, nos planos organizacional, pedagógico e dos equipamentos necessários para conduzir a aprendizagem de acordo com as exigências do tempo tecnológico. O drama é exactamente esse, quando apenas uma manhã coloca todos em casa em stress pela falta de sinal, imagino uma escola com centenas, durante semanas, meses e anos a fazerem um esforço para, sentados, ouvir, ouvir e ouvir um(a) professor(a) a debitar os conteúdos do manual em total fidelidade ao intocável programa. Quando tudo está à distância de um clique. Basta aconselhar os bons e fiáveis textos entre milhares que surgem sobre um determinado tema.
Acordem, porque, se se diz que, à data de Abril de 1974 tínhamos 50 anos de atraso em tudo e, particularmente na educação, a continuar assim, voltaremos a repetir, em breve, outros 50 relativamente à tecnologia. 
Ilustração: Arquivo próprio - André, o neto mais jovem.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

NÃO É A CRIANÇA QUE TEM DE SE ADAPTAR À ESCOLA. É A ESCOLA QUE TEM DE SE ADAPTAR A CADA CRIANÇA.


Sonhar o Futuro. A Escola do Futuro. Acompanhei os 50' de um programa da RTP2 - um filme de Pierre François Didek. Logo a abrir: "O mundo mudou muito e muito rapidamente. Mas um dos lugares que evoluiu menos rapidamente, infelizmente, foi a escola" (...) "temos de repensar a educação, pois a tecnologia está a mudar o mundo a um ritmo muito rápido; muda o modo como pensamos, aquilo em que pensamos, o trabalho que fazemos". (...) "Para que a educação e a escola mudem, é preciso investir em pesquisa. É preciso ver os professores também como investigadores. As crianças são investigadoras como todos nós e todos nós devemos pensar em novas formas de pensar, em novas formas de aprender, de ganhar conhecimento e acumular novos conhecimentos". (...) "A educação não deve apenas encher um vaso, deve antes acender uma chama. Deve oferecer às crianças um entusiasmo pela vida, para realizar algo que aos olhos delas mostre que vale a pena viver" (...) "Não pode haver aprendizagem sem prazer".


Hoje, com o auxílio da internet, "as crianças são capazes de aprender qualquer coisa sozinhas. O mais difícil é dizer aos professores para não interferirem". Na minha opinião o professor deixará de ser o de um fornecedor de informações, para ser uma espécie de facilitador de aprendizagem (...) o seu papel é observar em vez de disponibilizar conteúdos" (...) "O professor não nos disse o que devíamos pesquisar, tivemos de decidir por nós próprios sobre o que iríamos falar". (...) É engraçado quando se pergunta às crianças na escola: qual a melhor maneira de aprender? Quase todas dizem que precisam de um professor (...) depois de outras vivências, perguntamos como aprenderam aquilo tudo? Aprendemos sozinhas, foi fácil". É estranho vivermos num mundo, onde as crianças ainda têm medo de dizer que aprenderam sozinhas, porque acham que está errado. Precisam de dizer que alguém as ensinou". (...) "Queremos deixar de ser um centro de ensino do século XX e passar para um centro de aprendizagem do século XXI, onde os alunos aprendem fazendo coisas novas, com as ferramentas do século XXI". (...) Uma das grandes diferenças está no projecto de base, recai mais sobre a investigação, é motivado pelo contexto. Podem ter uma questão: é possível aterrar em Marte? Por aí vão estudar Física, Biologia, Química, tudo nesse contexto. É mais apelativo e os resultados são melhores (...) É muito melhor do que estar numa sala a ouvir um professor".

"O mais difícil é dizer aos professores 
para não interferirem"

Esta a síntese do filme exibido, entre muitas declarações de professores-investigadores e alunos. Tratou-se, apenas, de mais um programa sobre a escola que, infelizmente, ainda temos, e a escola que as crianças portuguesas deveriam ter. É um absurdo o governo continuar a insistir em um modelo completamente ultrapassado, desmotivador e arredado das preocupações portadoras de futuro. Sinto uma profunda tristeza que a Região da Madeira, com um número global de alunos limitado, que poderia ser um enorme centro experimental e, globalmente, inovador, se mostre incapaz de, paulatinamente, transformar a escola do século XVIII/XIX na escola do Século XXI. O governo prefere continuar enredado em currículos, (agora é a gestão do currículo, sempre com o mesmo "modus faciendi") extensos programas desarticulados, que partem de fora para dentro, manuais, muitos manuais quando tudo está na net, sirenes de entrada e de saída das salas, complexas e exaustivas avaliações, preocupado em "ensinar" e não em fazer "aprender". É um absurdo, por clara incompetência, continuar centrado na transmissão unilateral, no princípio que o professor é que ensina e não no princípio que o aluno é quem deve descobrir e aprender mediado por uma outra postura do professor. Há excepções, muito localizadas, que confirmam a regra! Um governo que continua bloqueado em processos administrativos, em resmas de circulares, normativos e circunstanciados relatórios, tarde ou cedo, destinados ao arquivo morto. Um governo autónomo que cumpre, religiosamente, rituais, incentiva uma falsa meritocracia, que visita escolas com o peito cheio de ar (viciado), inspecciona e persegue os que desejam ser inovadores e, naquilo que é fundamental, isto é, na paulatina mudança organizacional e pedagógica demonstra uma aflitiva e constrangedora tristeza. O secretário da Educação da Madeira deveria ver aquele e outros programas  e, ao contrário de andar por terras de Jersey, no "Portuguese Food Festival", seria de todo aconselhável  que visitasse países e sistemas onde pudesse aprender como gizar uma política de educação transformadora da sociedade que a prepare para o tempo que estamos a viver.
Ilustração: Google Imagens.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

O LUGAR DO ESTADO


Artigo de Júlia Caré
DN - 16 de Agosto.

A manter-se esta intenção, o Ensino Secundário deixará de estar presente em todos os concelhos, ficando reduzido a apenas quatro.


1. Reduzir o Ensino Secundário a apenas duas escolas no Funchal, uma a leste e outra a oeste da ilha, e ainda outra no Porto Santo, é a intenção a concretizar lá para 2026, segundo declarações de responsáveis regionais de Educação, face à gradual diminuição de população escolar... À falta de melhor estratégia para contrariar a descida demográfica, a solução é extinguir este nível de ensino em alguns locais... Medida de política educativa a acrescentar à discutível extinção, perdão, fusão de escolas públicas... Aos ouvidos ainda nos soam os discursos de congratulação, aquando de tantas inaugurações de escolas por essa ilha fora, algumas de duvidosa necessidade... E agora, em localidades marcadas por crescente despovoamento, decide-se encerrar o Ensino Secundário, esse reconhecido patamar mínimo de escolaridade e modernidade educativa, consagrado na Lei de Bases do Sistema Educativo, consensualmente aceite da direita à esquerda... E numa região onde mais de metade da população ativa não vai além do 3º ciclo do Ensino Básico...
A manter-se esta intenção, o Ensino Secundário deixará de estar presente em todos os concelhos, ficando reduzido a apenas quatro. É claro que hoje há muitas vias rápidas e facilmente as pessoas poderão deslocar-se, argumenta-se. Já não estamos na Madeira de antigamente, quando só quem podia pagar colégio interno, moradia alternativa, ou tinha familiares a viver perto da cidade, podia seguir estudos. Não deixa de soar, todavia, a um entrave ao direito universal à Educação, uma das responsabilidades do Estado, consagradas na Constituição. Seguir-se-á o encerramento de outros serviços públicos, centros de Saúde, repartições públicas? É certo que cada vez temos menos crianças... Diminuem os nascimentos... Pelo menos nos espaços rurais... Sobram casas que vão ficando vazias de novos que, à falta de perspetiva de futuro partem em busca de rumo. Os velhos vão ficando até à demanda da etapa final da vida... Parece ser mais simples abdicar da escola... Menos despesa pública? Não se sabe a opinião de autarcas destas zonas sobre esta matéria, nem se terão sido consultados, mas não deixa de ser uma curiosa estratégia de desenvolvimento, ou repovoamento do desertificado espaço rural e da costa norte da ilha! Uma empresa privada não faria melhor...
2. Interessante é a indignação de certas figuras públicas face à degradação dos serviços de correios, com encerramento de estações, principalmente após a sua transformação de instituição de serviço público da responsabilidade do Estado, em empresa privada, na sequência da polémica venda efetuada pelo governo anterior. Que me lembre, (mas posso estar errada!), não vi essas mesmas figuras manifestarem-se contra essa decisão política; muito pelo contrário: tratava-se tão só de uma simples operação de liberalização de serviços, defensável para certos quadrantes da nossa racionalidade, onde o mercado podia operar e que traria, dizia-se, importantes lucros ao Estado. Atitude igual à liberalização do transporte aéreo para a Madeira, vão já dez anos: que era bom; que traria viagens baratas; que a concorrência entre as empresas transportadoras de e para o destino Madeira (uma urbe em termos populacionais igual a Nova Iorque!) faria baixar os preços dos bilhetes; e blá, blá, blá... A realidade está aí, com o direito à mobilidade refém das políticas de preços e das condições operacionais das transportadoras, acrescidas da meteorologia a que se junta a vergonhosa situação atual com a empresa concessionária do transporte aéreo para o Porto Santo...
3. Quando em causa está o acesso a direitos de cidadania nas diversas esferas de intervenção junto das populações, o lugar é do Estado; não há paciência para retórica parlamentar ou joguinhos políticos. Há questões que ultrapassam dicotomias doutrinais, ou espectros cromáticos. E quanto às sentenças de Salomão das entidades reguladoras estamos conversados...
Ilustração: Google Imagens.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

"HAY UNA GRAN PRESIÓN ECONÓMICA PARA HACER OBSOLETOS A LOS HUMANOS


En su libro 'Vida 3.0', el profesor del MIT propone argumentos para un debate global que evite que la llegada de la Inteligencia Artificial acabe en desastre.

Por
El País

Max Tegmark, director del Future of Life Institute (MIT). JOSH REYNOLDS / GETTY IMAGES

Cuando el rey Midas le pidió a Dionisio transformar en oro todo lo que tocase cometió un fallo de programación. No pensaba que el dios sería tan literal al concederle el deseo y solo fue consciente de su error cuando vio a su hija convertida en una estatua metálica. Max Tegmark (Estocolmo, 1967) cree que la inteligencia artificial puede presentar riesgos y oportunidades similares para la humanidad.
El profesor del MIT y director del Future of Life Institute en Cambridge (EE UU) estima que la llegada de una Inteligencia Artificial General (IAG) que supere a la humana es cuestión de décadas. En su visión del futuro, podríamos acabar viviendo en una civilización idílica donde robots superinteligentes harían nuestro trabajo, crearían curas para todas nuestras enfermedades o diseñasen sistemas para ordeñar la energía descomunal de los agujeros negros. Sin embargo, si no somos capaces de transmitirle nuestros objetivos con precisión, también es posible que a esa nueva inteligencia dominante no le interese nuestra supervivencia o, incluso, que asuma un objetivo absurdo como transformar en clips metálicos todos los átomos del universo, los que conforman nuestros cuerpos incluidos.
Para evitar el apocalipsis, Tegmark considera que la comunidad global debe implicarse en un debate para orientar el desarrollo de la inteligencia artificial en nuestro beneficio. Esta discusión deberá afrontar problemas concretos, como la gestión de las desigualdades generadas por la automatización del trabajo, pero también un intenso esfuerzo filosófico que triunfe donde llevamos siglos fracasando y permita definir y acordar qué es bueno para toda la humanidad para después inculcárselo a las máquinas.

Si se mira a las motivaciones de las compañías que están desarrollando la IA, la principal es ganar dinero.

Estos y otros temas relacionados con la discusión que Tegmark considera más importante para el futuro de la humanidad son los que recoge en su libro Vida 3.0: ser humano en la era de la inteligencia artificial, un ambicioso ensayo que han recomendado gurús como Elon Musk en el que el cosmólogo sueco trata de adelantarse a lo que puede suceder durante los próximos milenios.
Pregunta. Los humanos, en particular durante los últimos dos o tres siglos, hemos tenido mucho éxito comprendiendo el mundo físico, gracias al avance de disciplinas como la física o la química, pero no parece que hayamos sido tan eficaces entendiéndonos a nosotros mismos, averiguando cómo ser felices o llegando a acuerdos sobre cómo hacer un mundo mejor para todo el mundo. ¿Cómo vamos a dirigir los objetivos de la IAG sin alcanzar antes acuerdos sobre estos asuntos?
Respuesta. Creo que nuestro futuro puede ser muy interesante si ganamos la carrera entre el poder creciente de la tecnología y la sabiduría con la que se gestiona esa tecnología. Para conseguirlo, tenemos que cambiar estrategias. Nuestra estrategia habitual consistía en aprender de nuestros errores. Inventamos el fuego, la fastidiamos unas cuantas veces y después inventamos el extintor; inventamos el coche, la volvimos a fastidiar varias veces e inventamos el cinturón de seguridad y el airbag. Pero con una tecnología tan potente como las armas atómicas o la inteligencia artificial sobrehumana no vamos a poder aprender de nuestros errores. Tenemos que ser proactivos.
Es muy importante que no dejemos las discusiones sobre el futuro de la IA a un grupo de frikis de la tecnología como yo sino que incluyamos a psicólogos, sociólogos o economistas para que participen en la conversación. Porque si el objetivo es la felicidad humana, tenemos que estudiar qué significa ser feliz. Si no hacemos eso, las decisiones sobre el futuro de la humanidad las tomarán unos cuantos frikis de la tecnología, algunas compañías tecnológicas o algunos Gobiernos, que no van a ser necesariamente los mejor cualificados para tomar estas decisiones para toda la humanidad.

P. ¿La ideología o la forma de ver el mundo de las personas que desarrollen la inteligencia artificial general definirá el comportamiento de esa inteligencia?

El Gobierno español ha rechazado unirse a otros países en la ONU para prohibir las armas letales autónomas

R. Muchos de los líderes tecnológicos que están construyendo la IA son muy idealistas. Quieren que esto sea algo bueno para toda la humanidad. Pero si se mira a las motivaciones de las compañías que están desarrollando la IA, la principal es ganar dinero. Siempre harás más dinero si reemplazas humanos por máquinas que puedan hacer los mismos productos más baratos. No haces más dinero diseñando una IA que es más bondadosa. Hay una gran presión económica para hacer que los humanos sean obsoletos.
La segunda gran motivación entre los científicos es la curiosidad. Queremos ver cómo se puede hacer una inteligencia artificial por ver cómo funciona, a veces sin pensar demasiado en las consecuencias. Logramos construir armas atómicas porque había gente con curiosidad por saber cómo funcionaban los núcleos atómicos. Y después de inventarlo, muchos de aquellos científicos desearon no haberlo hecho, pero ya era demasiado tarde, porque para entonces ya había otros intereses controlando ese conocimiento.
P. En el libro parece que da por hecho que la IA facilitará la eliminación de la pobreza y el sufrimiento. Con la tecnología y las condiciones económicas actuales, ya tenemos la posibilidad de evitar una gran cantidad de sufrimiento, pero no lo hacemos porque no nos interesa lo suficiente o no le interesa a la gente con el poder necesario para conseguirlo. ¿Cómo podemos evitar que eso suceda cuando tengamos los beneficios de la inteligencia artificial?
R. En primer lugar, la tecnología misma puede ser muy útil de muchas maneras. Cada año hay mucha gente que muere en accidentes de tráfico que probablemente no morirían si fuesen en coches autónomos. Y hay más gente en América, diez veces más, que mueren en accidentes hospitalarios. Muchos de esos se podrían salvar con IA si se utilizase para diagnosticar mejor o crear mejores medicinas. Todos los problemas que no hemos sido capaces de resolver debido a nuestra limitada inteligencia es algo que podría resolver la IA. Pero eso no es suficiente. Como dice, ahora mismo tenemos muchos problemas que sabemos exactamente cómo resolver, como el hecho de que haya niños que vivan en países ricos y no estén bien alimentados. No es un problema tecnológico, es un problema de falta de voluntad política. Esto muestra lo importante de que la gente participe en esta discusión y seleccionemos las prioridades correctas.
Por ejemplo, en España, el Gobierno español ha rechazado unirse a Austria y muchos otros países en la ONU en un intento para prohibir las armas letales autónomas. España apoyó la prohibición de armas biológicas, algo que apoyaban los científicos de esa área, pero no han hecho lo mismo para apoyar a los expertos en IA. Esto es algo que la gente puede hacer: Animar a sus políticos para que afronten estos asuntos y nos aseguremos de que dirigimos la tecnología en la dirección adecuada.

En los próximos tres años comenzará una nueva carrera armamentística con armas letales autónomas

P. La conversación que propone en Vida 3.0 sobre la Inteligencia Artificial en el fondo es muy parecida a la que se debería tener sobre política en general, sobre cómo convivimos entre nosotros o como compartimos los recursos. ¿Cómo crees que el cambio en la situación tecnológica va a cambiar el debate público?
R. Creo que va a hacer las cosas más drásticas. Los cambios producidos por la ciencia se están acelerando, todo tipo de trabajos desaparecerán cada vez más rápido. Muchos se ríen de la gente que votó a Trump o a favor del Brexit, pero su rabia es muy real y los economistas te dirán que las razones por las que esta gente está enfadada, por ser más pobres de lo que eran sus padres, son reales. Y mientras no se haga nada para resolver estos problemas reales, su enfado aumentará.
La Inteligencia Artificial puede crear una cantidad enorme de nueva riqueza, no se trata de un juego de suma cero. Si nos convencemos de que va a haber suficientes impuestos para proporcionar servicios sociales y unos ingresos básicos, todo el mundo estará feliz en lugar de enfadado. Hay gente a favor de la Renta Básica Universal, pero es posible que haya mejores formas de resolver el problema. Si los gobiernos van a dar dinero a la gente solo para apoyarles, también se lo puede dar para que la gente trabaje como enfermeros o como profesoras, el tipo de trabajos que se sabe que dan un propósito a la vida de la gente, conexiones sociales...
No podemos volver a los criterios de distribución del Egipto de los faraones, en los que todo estaba en manos de un puñado de individuos, pero si una sola compañía puede desarrollar una inteligencia artificial general, es solo cuestión de tiempo que esa compañía posea casi todo. Si la gente que acumule este poder no quiere compartirlo el futuro será complicado.
P. Si no hacemos nada, ¿cuál serían las principales amenazas provocadas por el desarrollo de la IA?
R. En los próximos tres años comenzaremos una nueva carrera armamentística con armas letales autónomas. Se producirán de forma masiva por los superpoderes y en poco tiempo organizaciones como ISIS podrán tenerlas. Serán los AK-47 del futuro salvo que en este caso son máquinas perfectas para perpetrar asesinatos anónimos. En diez años, si no hacemos nada, vamos a ver más desigualdad económica. Y por último, hay mucha polémica sobre el tiempo necesario para crear una inteligencia artificial general, pero más de la mitad de los investigadores en IA creen que sucederá en décadas. En 40 años nos arriesgamos a perder completamente el control del planeta a manos de un pequeño grupo de gente que desarrolle la IA. Ese es el escenario catastrófico. Para evitarlo necesitamos que la gente se una a la conversación.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

O PIOR PARA UM POLÍTICO É NÃO DEIXAR NADA PARA O FUTURO


"Todos sabemos que as boas práticas são um fator de economia. Mas a sua implementação não dependerá só da nossa vontade. Cada escola terá, no âmbito da sua autonomia, de assumir as opções que melhor entender" - discurso do secretário regional da Educação, constante na página na secretaria regional. Discurso que assenta bem, digo eu, porque está em linha com o pensamento vigente, porém, completamente distante da prática. Isto, embora fique por explicar o que são, para ele, "boas práticas" relacionadas com a "economia" (!). Enfim, um discurso apenas para fora. O que é absolutamente lamentável. Na prática, o que se passa ao nível da interferência directa nas escolas, de múltiplas maneiras, umas subtis, outras descaradas, o número de normativos que lá chegam, os telefonemas... ai os telefonemas, acabam por evidenciar que a tal autonomia não existe. É uma farsa. 


Quando alguém tenta implementá-la surgem os problemas. Quando alguém tenta ser inovador, começa a ser olhado de esguelha. Quando alguém tenta sair fora do padrão imposto, mas no quadro da autonomia constante na Lei, tem logo a inspecção à perna e, eventualmente, um processo de inquérito e as ameaças de processo disciplinar. São tantos os casos ao longo dos anos, o mais flagrante e revoltante, o da Escola do Curral das Freiras. 
A este propósito, há dias, circunstancialmente, em uma das minhas últimas passagens pelo Funchal, cruzei-me com uma distinta Colega que estimo pela sua qualidade intelectual e paixão pela escola. Chegámos a trabalhar no mesmo estabelecimento de aprendizagem. Há muito que não falávamos. Perguntei-lhe sobre a sua vida profissional. Respondeu-me mais ou menos isto: estou na escola do Curral e os últimos anos têm sido fantásticos e muito gratificantes. Isto, depois de muitos outros que me deixaram um rasto de angústia, por não conseguir fazer aquilo que mais desejava. Ali, no Curral, sentimo-nos úteis, vivemos a escola, porque a dinâmica da direcção possibilita que sejamos professores a sério. No meio da conversa, perguntou-me: conhece o professor Joaquim Sousa? Obviamente, respondi. Pois, adiantei-lhe, porque a escola tentou ser diferente, logo terminaram com a sua autonomia! Fundiram-na! E a conversa continuou extremamente interessante, baseada, sintetizo, entre a cultura e a incultura. De facto, há rudeza e ignorância, não entre os alunos, mas entre quem, circunstancialmente, se sente dono de qualquer coisa.
Ora, este diálogo, na presença de um jovem meu ex-aluno, pessoa que também muito considero, que, não sabia eu, desempenha funções políticas, demonstra a falácia daquela frase que o sítio da internet da secretaria regional da Educação encima com grande destaque. Ele, incrédulo, perante o rosário espontâneo daquela minha Colega. Aquela frase personifica, então, a mentira que tenta passar por verdade. E lá me vem à memória, uma vez mais, a frase do Professor Licínio Lima sobre a autonomia das escolas: "(...) sejam autónomos nas decisões que já tomámos por vós". Pois bem, digo-o com frontalidade: deixem-se de tretas, de frases feitas, de uma prática que não corresponde à teoria, e sejam autênticos, valorizem a autonomia como o fermento necessário a uma escola de e com futuro. Quem por esse caminho não se aventura, não deixa rigorosamente nada. Fica a pose, que nada vale! Simplesmente, porque não existem duas escolas iguais, dois públicos iguais, dois grupos de professores iguais e dois contextos sociais e económicos rigorosamente iguais. Ser distintivo é a marca que deve ser assumida. E isso só com AUTONOMIA.
Ilustração: Google Imagens.

domingo, 5 de agosto de 2018

O FIM DOS MANUAIS. E POR AQUI?


recorte
Imagine-se o estudo de um qualquer tema. Entra-se em um qualquer motor de busca e são milhares as informações que ficam disponíveis. Basta o professor orientar a selecção das pesquisas. Para quê, então, os manuais? Apenas para retirar dinheiro do bolso dos pais e "enriquecer" as editoras. Nada mais! 

Há anos que tantos andam a defender o fim dos manuais, perante a resistência dos governantes, incapazes de travar as ondas de interesses vários. E na Madeira, como é? Onde podia e devia ser pioneira, há quem deseje manter o passado a escrever o futuro. Ah, talvez sirva para alimentar o foguetório eleitoralista dos municípios, nos apoios que prestam aos mais vulneráveis da sociedade. Mas também é verdade que alinham nisso porque a secretaria da Educação não demonstra ter uma visão de e com futuro.
Fonte: Expresso, edição de ontem.