Quase não vivemos sem o sinal de internet. Parece que tudo pára à nossa volta e que não temos soluções para a ausência desse sinal. Há dias, aqui em casa, durante uma manhã, por avaria de um equipamento, a net deixou de funcionar. Eu que venho de um tempo distante das tecnologias, hoje ao nosso dispor, eu e os quatro netos parecíamos ter entrado em desespero. Avô, não há net! Avô, quando é que o técnico vem? Até o mais novo, com três anos, para ver os programas do "Panda", a "Patrulha Pata" e outros no IPad, insistentemente, dizia: avô não há net. E eu, que não sou um "netdependente", lá no fundo, também, a olhar para as paredes! Para eles a net é tudo, desde os jogos à comunicação com os amigos. No tempo de escola é, também, a fonte de procura do conhecimento no quadro das aprendizagens. E quando jogam ficam em rede com dois, três e mais amigos, conversando e divertindo-se.
Os "carrinhos" do Século XXI! |
Aquela manhã sem net fez-me também recuar no tempo, nada que não se saiba, mas as circunstâncias avivaram-me, naquele momento, as ocupações que tínhamos, os jogos tradicionais, eu sei lá, tantas as vivências que educavam no plano da educação motora, da leitura, da prática desportiva, da regra social, como na viagem sobre as profissões através do brincar fosse ao que fosse. Esse foi um tempo.
Às vezes, repetindo o meu pai, hoje, quando, um neto me pergunta, por exemplo, o significado de uma palavra, digo-lhes, vai ao dicionário e, depois, conversamos. A resposta vem pronta: oh avô, abre aí o computador e deixa-me ver o significado. É mais fácil! E é!
Mas aquela manhã sem net proporcionou-me outras interrogações mais profundas. Entre várias, como é possível no tempo que estamos a viver, a escola, salvo raríssimas excepções, em muitos casos, ser difícil a acessibilidade (até por falta de pagamento do serviço), existir um condicionamento à plena utilização da tecnologia, desde os telemóveis aos Ipad, pior, não estar nem minimamente preparada, nos planos organizacional, pedagógico e dos equipamentos necessários para conduzir a aprendizagem de acordo com as exigências do tempo tecnológico. O drama é exactamente esse, quando apenas uma manhã coloca todos em casa em stress pela falta de sinal, imagino uma escola com centenas, durante semanas, meses e anos a fazerem um esforço para, sentados, ouvir, ouvir e ouvir um(a) professor(a) a debitar os conteúdos do manual em total fidelidade ao intocável programa. Quando tudo está à distância de um clique. Basta aconselhar os bons e fiáveis textos entre milhares que surgem sobre um determinado tema.
Acordem, porque, se se diz que, à data de Abril de 1974 tínhamos 50 anos de atraso em tudo e, particularmente na educação, a continuar assim, voltaremos a repetir, em breve, outros 50 relativamente à tecnologia.
Ilustração: Arquivo próprio - André, o neto mais jovem.
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