Porque, cada vez mais, considero uma aberração o estabelecimento de "ranking's" de estabelecimentos de ensino, era minha intenção não lhes dedicar uma linha. Este tipo de posicionamento que tenta rotular e/ou destacar um pressuposto mérito é, do meu ponto de vista, perverso, desde logo porque assenta em pressupostos errados. Só se pode comparar o que é comparável. O sector público de educação, por exemplo, porque é Constitucional, portanto, um direito de todos, recebe nos estabelecimento de ensino, todos, sem distinção de níveis económicos, sociais e culturais, enquanto que, no sector privado, as regras de acesso têm natureza selectiva. Há colégios que submetem os candidatos a testes e a estudos no quadro psicológico e, depois, aplicam mensalidades acima dos 800,00 euros. Conheço a situação. Logo, estabelecer uma lista onde se hierarquizam, de forma fria, contextos diferentes é de uma total ausência de senso. Uma escola (Madeira) com mais de 90% de Acção Social Educativa não pode ser comparada com um colégio pago a peso de ouro! Os seus resultados são um "milagre". A não ser que os defensores dos "ranking's" pretendam reforçar a peregrina ideia que o privado é melhor que o público. Talvez. O governo regional da Madeira atribui, grosso modo, 25 milhões de euros anuais ao privado. Ora, retomando, os "ranking's" são uma falácia. Os resultados dependem de muitos factores. Um exemplo: um colégio privado do Funchal foi 3º do "ranking" nacional do Básico (2009), tendo sido 1º na Matemática. Em 2016 posicionou-se em 53º lugar. Isto diz bem do que são os "ranking's". Ainda bem, ao contrário do secretário regional da Educação da Madeira, que o governo da República se posicionou de forma bem distintiva. Um bom prenúncio para as necessárias mudanças.
Comecei por salientar que não era minha intenção escrever sobre este assunto. Constitui uma matéria repetitiva e profundamente analisada. Porém, o secretário regional da Educação veio logo comunicar que "(...) considerando os resultados esperados, os quais ponderam os contextos e o número de provas realizadas, as médias da maioria das escolas básicas e secundárias da Região são positivas (...)". Face a esta declaração, e só por isso, decidi escrever algumas linhas. Desde logo, a partir de duas perguntas: que resultados o governo regional esperava? Segunda: terá o secretário analisado os resultados, comparando-os ao longo dos anos?
Circunscrevo-me às características do actual sistema educativo que, saliento, repudio. Esperava resultados positivos? É isso? Vejamos o secundário, considerado importante para o acesso ao ensino superior. Em 627 escolas, a primeira da MADEIRA AUTÓNOMA aparece, na posição geral, em 280º lugar. As restantes, 313ª, 349º, 373º, 377º, 407º, 491º (...) a última em 610º em 627 estabelecimentos de ensino. Pelas médias, o secretário, que não esconde a defesa do actual sistema educativo, pelo menos não o condena, nove escolas obtiveram uma média inferior a 10 (entre 9,74 e 8,43) e seis entre 10,72 e 10,17. São estes os resultados positivos de que fala o secretário regional da Educação!
No ensino básico:
No ensino básico:
001 - 300 - 4 escolas: 53º, 63, 87, 110, 207, 267.
301 - 600 - 4 escolas: 365º, 468, 490, 525, 578.
601 - 900 - 8 escolas: 683º, 698, 762, 767, 787, 792, 831, 847.
901 - 1228 - 12 escolas: entre 946º e 1170.
Onze escolas (avaliação de 0 a 100%) obtiveram mais de 50% (71,08% e 51,36); da décima segunda até à última escola (31ª) a variação foi entre 49,69% e 39,43%. São estes os resultados "positivos" do sistema defendido pelo governante.
Finalmente, defender o "ranking" das escolas é assumir que existem boas e más escolas e esquecer três aspectos, entre muitos outros: primeiro, o estado da sociedade a diversos níveis; segundo, que a generalidade dos professores, no actual quadro do sistema, imposto, burocrático e bloqueado, desempenha de forma muito meritória a sua função; terceiro, a pobre política de investimento. Mais sensato teria sido, à luz da História, que o secretário colocasse em causa todo o sistema, onde paira um deserto de ideias, assumir que este tipo de ensino, que repete o passado, está completamente errado, que os "ranking's" não espelham nada (hoje assumo que nem constituem um indicador) e que há necessidade de introduzir, paulatinamente, mudanças significativas, deixando de lado, por mais que isso custe a quem faz da vida uma rotina, estes resultados que ignoram, completamente, o que de bom ainda por aí se faz.
Finalmente, defender o "ranking" das escolas é assumir que existem boas e más escolas e esquecer três aspectos, entre muitos outros: primeiro, o estado da sociedade a diversos níveis; segundo, que a generalidade dos professores, no actual quadro do sistema, imposto, burocrático e bloqueado, desempenha de forma muito meritória a sua função; terceiro, a pobre política de investimento. Mais sensato teria sido, à luz da História, que o secretário colocasse em causa todo o sistema, onde paira um deserto de ideias, assumir que este tipo de ensino, que repete o passado, está completamente errado, que os "ranking's" não espelham nada (hoje assumo que nem constituem um indicador) e que há necessidade de introduzir, paulatinamente, mudanças significativas, deixando de lado, por mais que isso custe a quem faz da vida uma rotina, estes resultados que ignoram, completamente, o que de bom ainda por aí se faz.
NOTA
Intencionalmente, omiti o nome dos estabelecimentos de ensino, apesar de estarem disponíveis na NET e na comunicação social, porque considero INDIGNO rotular escolas, mesmo que essa não seja a intenção. Em segundo lugar, peço desculpa por algum erro na seriação dos estabelecimentos de ensino, apesar do cuidado que tive. Globalmente, é esta a "fotografia" do sistema!
Ilustração: Google Imagens.
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