O Jornal I, edição de fim-de-semana, colocou, em primeira página, uma síntese que muito dá para pensar: a utilização da tecnologia, particularmente, dos telemóveis. Já existem clínicas para este tipo de doentes e muitos jovens em tratamento. Sabe-se que o seu uso excessivo pode conduzir à ansiedade e à depressão. Um assunto grave. Impressiona-me qualquer tipo de vício ou dependência. Fico espantado quando olho para uma mesa e ao invés de conversarem, vejo as pessoas agarradas ao telemóvel em preocupante silêncio. São significativos os muros entre as pessoas. A situação é transversal a todas as idades. E se uns sabem dosear a sua utilização, outros, parecem denunciar que a vida começa e acaba ali. Eu diria que o telemóvel funciona como uma prótese necessária à sobrevivência. É a vida virtual a sobrepôr-se à vida social. De um excelente meio de informação, de comunicação e até de divertimento, passou-se, em poucos anos, para um fim em si mesmo. O telemóvel tem de estar por perto e quando não está perturba a vida. Não falo, sequer, das "radiações electromagnéticas", porque não estou minimamente abalizado para tal equacionamento, mas todos nós damos conta que não estamos a saber tirar o máximo proveito deste equipamento tecnológico em um mundo de informação permanente e de comunicação, esbatendo, simultaneamente, o rol de pontos negativos que a ele estão associados.
Por outro lado, coloca-se aqui uma outra questão: quando é residual o número de crianças e jovens que não dispõem do acesso à tecnologia (telemóvel e outros equipamentos), como pode a Escola sobreviver, mantendo as características do passado, ao invés de utilizá-la como o mais poderoso meio pedagógico no processo ensino-aprendizagem, ao mesmo tempo que pode e deve educar para a sua racional utilização?
Ilustração: Página do Jornal I.
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