FACTO
COMENTÁRIO
Apenas mais um que repete o que é evidente. Eduardo Sá não é um especialista em assuntos de Educação, mas estuda e tem tem o bom-senso de levantar a sua voz relativamente ao que os governantes andam a fazer à infância. São tantos a dizerem o mesmo, pelo que, lamento, que o secretário da Educação, sentado na mesa de honra, ouvindo aquelas palavras e intervindo depois, assobie para o lado e prefira falar dos projectos "(...) do desporto às artes, desde o ambiente à tecnologia, da saúde à cultura e ao património (...)". Isto quando problema NÃO reside aí. É outro, mais profundo, e aqui sim, de PROJECTO. Reproduzo parte de um texto que aqui publiquei em Janeiro passado: "(...) É a disparatada carga horária semanal, superior a 50 horas, dividida entre o estabelecimento de aprendizagem e todas as outras actividades fora da escola, onde se incluem os tpc; são os efeitos dos desinteressantes e nada motivadores currículos; é a extensão dos programas por disciplina, plenos de tralha, como diz Eduardo Sá, para "marrar, vomitar e esquecer"; é a manutenção da tendência para um desajustado conceito de "aula" em que raras vezes as crianças podem "meter a mão na massa", porque, sendo expositivas, acabam por as remeter para a condição de espectadoras e não de actoras; é a febre das altas classificações, em uma confusão entre notas (aproveitamento... o que é isso?) e CONHECIMENTO; é a loucura da meritocracia, ao ponto de entregarem cheques a crianças e jovens; é a presença do adulto, governante, que assume, do alto da sua pressuposta "cátedra", mesmo que desfasado da realidade, o que é importante na aprendizagem; é a parvoíce do ranking das escolas desrespeitando todas as proveniências culturais, económicas e sociais, eu sei lá ... (...) O sistema está bloqueado e, no caso da Madeira, a continuar assim, naturalmente, aumentará a distância entre o conhecimento e o quadro de indigência que se vive. Em quarenta e três anos, ao sistema político não foi possível estabelecer uma estratégia portadora de futuro, eu diria visionária, mesmo depois de terem passado e vivido a fase do aparecimento galopante da tecnologia. Conduziram o carro sempre com o pé no travão, sempre com os olhos, ora vendados, ora nos retrovisores, jamais olhando para a verdadeira estrada do sucesso. Uns, deslumbrados por estarem ao volante da máquina, outros, por notória incompetência, outros, ainda, convencidos que a escola de ontem sempre foi melhor que as "modernices".
Ao Dr. Eduardo Sá apenas manifesto o desejo consubstanciado no aforismo: "água mole em pedra dura...".
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