Por SOFIA CANHA
Dnotícias
24 NOV 2019
24 NOV 2019
Os conselhos executivos e direções escolares estão envoltos em papéis
O que se verifica não é isso. Por motivos enraizados numa cultura burocrática, como a portuguesa, é difícil contrair o paradigma vigente. Pior, numa era tecnológica, em vez de se simplificar os processos e práticas administrativas, cada vez mais se complexificam e vão desviando o principal enfoque da Escola. Em comparação (se é comparável) uma escola com 800 alunos, terá 10 a 12 assistentes técnicos, na Madeira; uma escola na Holanda com o mesmo número de alunos tem apenas um. E acreditem que os assistentes técnicos, cá, não brincam, têm muito trabalho administrativo.
As aprendizagens deixaram de ser a principal preocupação dos agentes escolares. Agora são os resultados e a avaliação que mais interessam.
Os encarregados de educação tiveram de acompanhar a nova terminologia escolar e aprender a interpretar um sem número de tabelas de avaliação, em cada disciplina e os diferentes parâmetros avaliativos.
Os professores, por sua vez, têm de preencher mil e uma tabelas de avaliação contínua para expressar os resultados dos conteúdos programáticos, das atitudes e valores e das competências, elaboram programas e projetos para tudo e mais alguma coisa, relatórios, reuniões, etc, em vez de se ocuparem na preparação dos conteúdos e sua abordagem pedagógica e respetiva avaliação contínua e sumativa dos alunos.
Os conselhos executivos e direções escolares estão envoltos em papéis, legislação e processos, também mais preocupados com a gestão do estabelecimento e a avaliação, que os professores apresentam resultantes da sua atividade cada vez mais condicionada. Entretanto, deixam de ter disponibilidade para o mais importante: os alunos. Pois, mas os bons resultados, independentemente das condições para exercerem as suas funções, têm sempre de aparecer e exige-se que sejam cada vez melhores. Estabelecem-se metas de resultado irrealistas independentemente do sucesso ou insucesso dos processos.
Os alunos ficam, com tudo isto, secundarizados. E desculpem, mas reconhecer o mérito de 5% dos alunos, em cerimónias públicas não são argumento para contrariar a realidade.
Temos então Alunos e Professores no meio deste turbilhão administrativo e os encarregados de educação ficam de fora a olhar e com pouca margem para mudar o estado de coisas.
Simplifiquem a Escola, por favor. Deem condições aos alunos e professores para aprender e ensinar. Voltemos ao essencial; não ao currículo mínimo, mas sim a uma Escola simples e rica em diversidade, centrada nas aprendizagens. Podemos diversificar, sem complicar.
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