Avô, diz-me lá o que pensas sobre isto: eu sei que não defendes que os professores façam testes, mas eles existem, ok? Sim. Defendo a avaliação mas não nestes moldes, porque aprender, como tantas vezes te digo, é muito mais do que repetir, decorar e debitar em uma folha de papel para logo esquecer. Mas diz lá, adiantei. Sabes, avô, não entendo como é que nos pedem a "interpretação de um texto", com várias perguntas, quando o que está em causa é a "compreensão ou o significado de alguma coisa". E a minha compreensão pode ser distinta da dos professores. Retorqui: o que me estás a dizer é que dentro de parâmetros aceitáveis, a tua leitura do texto possa não ser idêntica àquela que o professor espera ler como resposta. Quase nem me deixou acabar: não, não se trata de inventar, nem de face a alhos eu responder bugalhos. Pois, percebo, o que me queres dizer é que a compreensão exige a predisposição para o outro aceitar e respeitar a diversidade de opiniões. E eu não sendo dessa área de estudo, julgo que a compreensão se situa na análise (decodificação) ao que está escrito, portanto, a análise pode ser diversa, enquanto que a interpretação remete-nos para a conclusão. Avô, é como estar frente a uma pintura cuja compreensão fica muitas vezes na capacidade e olhar de cada um. Por isso, julgo que não devo dar as respostas que o professor entende como certas. Pois, meu querido, isso é muito complicado. O avô gosta muito de ler um Professor brasileiro, já falecido, Rubem Alves, que um dia disse: "para o burocrata o que interessa é o que vem no relatório, não as crianças". E os professores são hoje mais burocratas que professores. A escola não está organizada para fazer pensar e permitir a compreensão dos fenómenos, mas para dar respostas certas na idade das perguntas. E tu acabaste de me fazer uma pergunta. O Cardeal Tolentino Mendonça, sabes quem é, escreveu que "estamos muito preocupados com as respostas, quando o que nos salva são as perguntas". Estás no caminho certo. Aprendi contigo, porque nunca me tinha passado isso pela cabeça!
SOB A MAIS LIVRE DAS CONSTITUIÇÕES UM POVO IGNORANTE É SEMPRE ESCRAVO Condorcet (1743/1794)
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