"Há escolas que já conseguiram acabar com os chumbos". Alteraram as orientações pedagógicas, reorganizaram os currículos, turmas e calendários escolares. - Fonte: Semanário Expresso, edição 2453, 01.11.2019. Afinal, a "autonomia" anda pelo espaço continental, enquanto na Região Autónoma da Madeira preferem centralizar e perseguir com os resultados negativos que são públicos e notórios. O que fizeram à escola do Curral das Freiras e ao seu director é o exemplo mais evidente.
O objectivo centrou-se no "chumbo zero", o ministério abriu o caminho, as escolas reorganizaram-se e conseguiram. Através do "Projecto-Piloto de Inovação Pedagógica", no Agrupamento de Escolas do Freixo, em Ponto de Lima, há dois anos que nenhum aluno chumba no Ensino Básico. "Em Cristelo, Paredes, num agrupamento inserido num meio com sérias carências - 85% são apoiados pela acção social escolar - passou-se de taxas de insucesso de dois dígitos para zero no primeiro e segundo ciclos (...)".
A liberdade curricular dada pelo ministério, "foi aproveitada para fazer uma revolução nos horários e na forma de trabalhar com os alunos" (...) "os alunos nem sempre estão na mesma turma, há semanas que não têm disciplinas, e há horas que articulam matérias, competências e atitudes (...).
"Criaram-se quatro áreas transversais que são trabalhadas por todos os anos de ensino ao longo de oito semanas, pela ordem que os alunos quiserem (...)". Na última semana de cada área "o horário escolar desaparece e o tempo é dedicado à apresentação de trabalhos, visitas e debates".
Dizem os responsáveis que "os alunos partem muito mais motivados e aprendem de forma significativa" (...) o paradigma "exige que sejam criativos, que pensem melhor, que falem mais e que resolvam problemas".
Uma curiosidade: "o director de turma deu lugar ao director do aluno". Segundo um estudo realizado junto dos mais de 4000 alunos do agrupamento, 70% dos alunos consideraram que as mudanças ajudaram a "aprender mais" e "mais facilmente".
Estou convicto que estes são, apenas, os primeiros passos de um processo. Tempos virão que, sobretudo no ensino básico, a partir de uma concepção genérica, os currículos, os programas e os paradigmas pedagógicos serão, totalmente, da responsabilidade de cada escola no quadro da sua autonomia. Simplesmente porque não existem duas escolas iguais, dois públicos iguais, dois grupos de professores exactamente iguais, pais e encarregados de educação iguais e enquadramentos sociais iguais.
É na diversidade que podemos encontrar o sucesso e é respeitando um princípio de uma escola para cada um e não de uma escola para todos, que não devem existir estabelecimentos de ensino, mas estabelecimentos de aprendizagem, que tempos virão que a velha concepção de escola será derrubada.
Lamento que a Região da Madeira que grita pela Autonomia, continue aferrolhada em uma centralizadora e burocrática torre de marfim. Abram os olhos!
Ilustração: Google Imagens.
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