A propósito da contagem do tempo de serviço congelado aos professores, o Ministro fez umas declarações quanto a mim inócuas e, portanto, sem qualquer relevância política. Considero que não merecia contraponto. É daquelas situações que o Ministro deveria estar calado e o governante regional mudo. Mas não, o secretário resolveu ripostar: "(...) Nós entendemos que estas declarações, sendo completamente despropositadas, não deixam de ter também uma outra intenção que é a de encobrir aquilo que são as incompetências do Partido Socialista para governar a educação em Portugal", disse Jorge Carvalho, secretário da Educação, Ciência e Tecnologia da Madeira - Dnotícias, 14.09.2022.
A parte interessante, aqui sim, de natureza política está na passagem "(...) encobrir aquilo que são as incompetências do Partido Socialista para governar a educação em Portugal". Admitamos que sim. A questão é perceber as incompetências do Partido Social Democrata para governar a educação na Madeira. A questão reside aqui. No quadro da Autonomia Político-Administrativa, pergunta-se, então, que avanços foram proporcionados?
Estou completamente imune às questões partidárias. Como vulgarmente se diz, "por aí passei e por aí perdi o cabelo". Tenho convicções, obviamente que sim. Tenho leituras de processo, claro que sim. Como qualquer um outro português insulano. Sobretudo porque tento perceber e cruzar a informação dos vários dossiês. Mas não entro no despique inconsequente porque se esgota na espuma dos dias. Por isso, é caso para dizer que há qualquer coisa ali de roto e de esfarrapado!
Ainda há dias, li um desabafo de um professor que sublinhava o facto de, na Madeira, no sector educativo, nada restar que faça a diferença. Apenas foram "10 anos perdidos... como é possível? Já não é folclore é algo totalmente absurdo". Mas há muitas outras posições sobre o que a Região poderia ser em matéria de política educativa e aquilo que realmente é. No mínimo, eu diria que é uma cópia do Continente. Não é em vão, também na Educação, que se diz que a Assembleia é mais adaptativa do que legislativa. No leque das tais incompetências, vá lá, portanto saber-se quem ocupa o primeiro lugar!
O debate deveria centrar-se em matérias muito mais profundas. As de natureza estrutural, de pensamento, de aferição do que dizem e escrevem os grandes pedagogos e cientistas da actualidade (e não só) face ao mundo que está na frente dos nossos olhos. Constata-se a existência de um claro desfasamento, quase total e muito perigoso, entre a rotina do sistema que é proporcionada e a estabilidade e êxito da população em todos os sectores e áreas do desenvolvimento. Enquanto uns buscam a antecipação do futuro, outros amam o passado, idolatrando figuras e conceitos absolutamente desadequados. A universidade nada lhes deu. É caso para perguntar a quem interessa uma população distante, alienada, ignorante, pobre e dependente?
O futuro não se constrói com paleio, repetições, centralização de políticas abstrusas, intencionais perseguições e silenciamentos, distribuição de algumas benesses, controlo total da máquina e imposição de uma lógica de medo. Esse é o caminho do desastre colectivo. Que egoísmo por aí vai! Defender a imagem pública, puxar dos galões, manobrar por detrás do palco, ameaçar ou mandar ameaçar, comprar silêncios e muito mais, deixará uma indelével marca que só prejudicará a afirmação de uma Educação ao serviço do desenvolvimento. São os rotos a vangloriarem-se face aos esfarrapados!
Ilustração: Google Imagens.
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