Três pilares fundamentais na arquitectura de uma sociedade decente e, portanto, diria, não doente: a educação, a saúde e a protecção social. Políticos que passam ao lado destes sectores geram sociedades desequilibradas. É a educação que rompe com a pobreza e que pode constituir-se como motor do crescimento e do desenvolvimento, por extensão, do trabalho; é o direito à saúde que garante a vida e o combate às vicissitudes; finalmente, a protecção social, face a todas as vulnerabilidades. Pouco sei, é certo, de Educação, mas é o sector que mais leio e estudo. Dos outros que fale e escreva quem os domina.
Não existe outro caminho que corte com esta rotina de nefastas consequências. Desenhar o futuro será possível quando os políticos entenderem que a Educação deve, urgentemente, transformar-se numa grande mesa de debate e proposta, para a qual convirjam os professores, investigadores, alunos, sindicatos, pais, empresários, agentes culturais e sociais, enfim, todos quantos, directa ou indirectamente, estejam ligados ao sector. Isso implica, desde logo, que os políticos desçam da sua patética e insustentável torre de marfim e entendam a importância de horizontalizar o sistema.
Sinceramente, não espero que sejam os políticos, por ausência de visão estratégica e de conhecimento científico, os operadores da mudança. A cadeira do poder é tramada! Por isso, julgo que deverá competir aos professores a assumpção de uma posição em defesa da Educação. À semelhança do que fizeram nos últimos meses. Num momento delicado, 50, 60, 70 ou 80 000, organizaram-se e vieram a terreiro reivindicar, entre outros importantes aspectos da carreira docente, os famigerados 6 anos, 6 meses e 23 dias retirados na contagem do tempo de serviço prestado. Gritaram e agitaram bandeiras por causas que consideraram justas. O movimento nasceu na base e conseguiu vergar o topo. Está na hora, também, dos mesmos gritarem por uma escola prospectiva e ao serviço do desenvolvimento, que respeite talentos e sonhos e que não os encurrale e esmague na exaustação emocional. Aliás, deverão consciencializar-se que, ou mudam ou serão mudados. Mais cedo do que se possa admitir, serão os próprios alunos que, de forma crescente, olham de esguelha para a escola, irão tomar as rédeas da contestação. Basta olhar para os movimentos de jovens que lutam em diversas áreas.
Aliás, neste contexto, ao correr do que vou digitando, colocam-se-me muitas perguntas: afinal, digam lá, senhores políticos da governação, para onde caminham? Que razões vos leva a ignorarem investigadores, autores, pensadores de excelência, enfim, tudo o que é publicado em livros e revistas da especialidade? Por que insistem na repetição do passado, com alguns acertos marginais, quando se sabe que quem o repete só pode esperar, no futuro, os mesmos resultados desse passado? Em que pressupostos científicos assenta a teimosia na sua suposta "estratégia"?
Não venham à praça pública dizer que está tudo no programa de governo, porque essa é uma gritante falácia. Por aí inscrevem-se as manigâncias do poder ilusionista. O que interessa é conhecer a(s) ideia(s) que justifica(m) o caminho. A ideia, repito. E é essa ideia que ninguém conhece. Porventura nem os próprios a conhecem. Respondam a estas três perguntas: onde estamos, onde queremos chegar e que passos temos de dar para lá chegar.
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