sábado, 27 de março de 2021

“A escola tradicional não responde ao funcionamento do cérebro”


Matemático Salman Khan, fundador da Academia Khan, é o novo ganhador do Prémio Princesa de Astúrias de Cooperação. Se há uma certeza na mente de Salman Khan (Nova Orleans, 43 anos) é que não se deve limitar as crianças com a nossa própria aprendizagem. Elas nasceram em outro tempo.


Khan é matemático, engenheiro electricista e informático, formado em Harvard e MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts).  Ele Identificou a “grande falha” da escola tradicional

o conteúdo é distribuído de forma fragmentada, em temas autoconclusivos. Com todas as conexões cortadas.



“É mais fácil entender uma ideia se você puder relacioná-la com outra que já conhece”, explica Khan. Em sua opinião, essa forma de ensinar marca a diferença entre memorizar uma fórmula para uma prova (o que acontece na escola actual) ou interiorizar a informação e ser capaz de aplicá-la uma década mais tarde.


A escola tradicional não responde ao funcionamento do cérebro, as redes neuronais funcionam com a associação de ideias, não com temas estanques”, insiste. “Esse é outro dos problemas da sala de aula atual, a mentalidade de que é preciso seguir o programa, respeitar o calendário. Porque cada um, afirma, tem um ritmo de aprendizagem diferente. “E se não aprenderem no seu ritmo, acumulam lacunas.” 


Seu diagnóstico é que a humanidade está vivendo um momento decisivo que ocorre apenas a cada 1.000 anos, uma circunstância que deve levar ao surgimento de novos modelos educacionais sobre uma base científica: os "melhores teóricos" da educação concluíram que a capacidade de atenção dos alunos oscila entre 10 e 18 minutos. As aulas continuam sendo de mais de 50 minutos. “Por que essas descobertas não foram aplicadas? O sistema tende a ignorar fatos biológicos indubitáveis”, observa em seu livro.

O pensamento analítico é necessário para se sobreviver


A que época remonta o actual sistema educacional que tanto resiste às mudanças? Khan não tem dúvida ao responder. A origem dos padrões actuais, "que potencializam uma aprendizagem passiva baseada na escuta", está na Prússia do século XVIII, com o objectivo de formar "cidadãos leais e dóceis" que aprendessem a se submeter à autoridade dos professores, aos pais, à igreja e ao rei. "O que se buscava era reduzir o pensamento independente, mas agora vivemos uma revolução sem precedentes da informação e essa fórmula não é mais válida: o pensamento analítico é necessário para se sobreviver."

Durante a entrevista, Khan repete várias vezes: "Não sou contra os exames, acho que são necessários, embora não devam ser o ponto central do processo de aprendizagem". O matemático acredita que os formuladores de políticas, em vez de focar o debate nas falhas na educação, ficam obcecados com os resultados, os rankings e o número de graduados por ano.

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