quinta-feira, 27 de agosto de 2020

A PANDEMIA E A REDUÇÃO DOS PROGRAMAS ESCOLARES


Não sou técnico de saúde, mas isso não impede que não esteja preocupado. A consciência de cidadão atento, a partir de alguns elementos que me chegam, levam-me a deduzir que há uma absoluta necessidade de redobrar os cuidados relativamente ao surto pandémico. Não se pode facilitar, mas, pelos relatos, parece-me que há cidadãos e, pior, governantes que talvez pensem que isso do Covid19 não passa por aqui. Passa e existe a probabilidade de tornar-se em uma situação preocupante. Todos em alerta pode constituir a melhor "vacina" enquanto ela não chega. 



O que aqui me traz é a "reabertura" da escola. Ora bem, perante uma situação de pandemia que nos ataca por qualquer lado, por maiores que sejam os cuidados, não entendo que os governantes queiram o melhor dos dois mundos: isto é, compaginar as preocupações da pandemia com o cumprimento dos exaustivos programas escolares, desejando, por extensão um normal funcionamento da escola. Como se nada estivesse a acontecer.

Não é possível tal conjugação, por melhores que sejam os actos de limpeza/desinfecção dos espaços e todas as práticas de segurança pessoal. 

Este momento de "reabertura" da escola, sublinho, no "actual sistema de ensino", implicaria uma substancial redução dos programas, interligando-os ao longo dos anos, de tal forma que o ESSENCIAL fosse separado do ACESSÓRIO. Com isso, o sistema ganharia a dois níveis: primeiro, constituiria um importante passo (experiência) na perspectiva de uma mudança na (da) escola; segundo, permitiria uma menor (mais racional) presença no espaço escolar, horários mais compatíveis (alunos e professores) e possibilidade de menores interacções. Que ninguém se esqueça que existe muita "tralha" programática que poderia e deveria ser evitada.

Ninguém fala disto, face a um quadro absolutamente anormal que todos estamos a viver. Querem, apenas, o regresso à escola para rever a "matéria do último período" (afinal, o ensino a distância foi infrutífero) e cumprir os programas do próximo ano. Sem plano alternativo. E da mesma forma que fomos surpreendidos em Fevereiro/Março, podemos voltar a ter de enfrentar uma situação complexa. Esta situação exigiria um redobrado cuidado.

Estou preocupado em função das últimas notícias. Em Março tudo foi novo; agora, não, já é possível ser preventivo. 

O meu saudoso Professor Fernando Ferreira, um dia disse-me a propósito de uma dada situação: "sabes, há um provérbio português que diz: "quem é burro pede a Deus que o mate e ao diabo que o carregue"...

Ilustração: Google Imagens.

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