Li que "bloquistas e comunistas querem que a nota de Educação Física volte a contar para a média de acesso ao ensino superior. Os dois partidos pressionam, assim, o Governo a reverter uma das reformas de Nuno Crato". Discordo, completamente.
Nota prévia.
Penso ser conhecida, em função de tudo quanto escrevi, a minha genérica oposição às políticas do ex-ministro da Educação Nuno Crato. Com este a Educação perdeu quatro anos. Mais. De quando em vez, sigo alguns dos seus textos e cada vez mais me distancio do seu pensamento sobre este sector. Não sei, sequer, se tem pensamento estruturado no que ao sistema educativo diz respeito. Por aí, fica claro que este texto nada tem a ver com a decisão de Nuno Crato relativamente à não contagem da nota de Educação Física no que concerne ao acesso ao ensino superior. A minha posição tem dezenas de anos. Uma das últimas vezes que sobre este assunto escrevi foi em 15 de Junho de 2012. Deixo aqui um excerto desse texto:
Penso ser conhecida, em função de tudo quanto escrevi, a minha genérica oposição às políticas do ex-ministro da Educação Nuno Crato. Com este a Educação perdeu quatro anos. Mais. De quando em vez, sigo alguns dos seus textos e cada vez mais me distancio do seu pensamento sobre este sector. Não sei, sequer, se tem pensamento estruturado no que ao sistema educativo diz respeito. Por aí, fica claro que este texto nada tem a ver com a decisão de Nuno Crato relativamente à não contagem da nota de Educação Física no que concerne ao acesso ao ensino superior. A minha posição tem dezenas de anos. Uma das últimas vezes que sobre este assunto escrevi foi em 15 de Junho de 2012. Deixo aqui um excerto desse texto:
"Ao contrário de procurar a igualdade com as outras disciplinas, o professor de Educação Desportiva deveria procurar a diferença. Simplesmente porque os graus académicos de formação sendo iguais (Licenciatura, Mestrado e Doutoramento) a sua prática é substancialmente diferente. De resto, não há Jogos Olímpicos, Campeonatos do Mundo ou da Europa de Português, de Ciências ou de História. Mas eles existem no desporto, plenos de beleza estética, de festa, de superação individual e que impelem e influenciam uma prática a qualquer nível. Sendo assim, enquanto uma bola saltitar frente aos olhos de um jovem, jamais alguém precisará de, muitas vezes, “castigar” os alunos com sistemas retrógrados de avaliação, pelo facto da dita bola, ironizo, por um desajeitado pontapé, não ter entrado na baliza, no quadro dos tais superiores objectivos definidos na complexa Unidade Didáctico-pedagógica! Pois bem, "morra" a Educação Física que hoje constitui uma monumental fraude e viva a Educação Desportiva Curricular. Simplesmente porque o Desporto é um bem CULTURAL, para a vida e não apenas para a etapa da escolaridade obrigatória.
Do livro que escrevi em 2004 - Ano Europeu da Educação pelo Desporto, deixo, ainda, um outro excerto. O texto integral pode ser lido AQUI.
"Joana [1] teve uma mão cheia de cincos mas, na Educação Física, o nível foi um três “muito fraquinho”; Francisco precisou que outros professores votassem o nível de Educação Física para entrar no quadro de honra da escola; José obteve nível dois porque é um “desajeitado, coitado!”; Fernando, porque é obeso e descoordenado, viu um implacável dois na pauta; Teresa, idem, porque “não gosta” e conheço o caso da Luísa, estudante de nível cinco, de excelentes predicados nas atitudes e valores, esguia, flexível, de uma grande disponibilidade corporal, expoente no ballet que pratica quase diariamente mas, ironizo eu, certamente porque, em três meses de futebol, não conseguiu acertar com a baliza ou porque teve um teste fraco, também não foi além do três. Ao lado destes casos, entre muitos que me chegam ao conhecimento, há também o daquela turma que, recentemente, registou cerca de 80% de negativas em Educação Física. Ao fim e ao cabo, situações que dão para pensar sobre o fundamentalismo, dito pedagógico, que por aí anda, desvirtuador da vocação primeira desta disciplina curricular e provocador de um enorme rasto de frustração.
Ora, é por estas e múltiplas outras razões que defendo, há muitos anos, a morte da Educação Física e o nascimento da área curricular denominada por Educação Desportiva que se abrigue, inclusive, num quadro científico mais vasto e sustentado. Razão tem, pois, o Doutor Manuel Sérgio, ele, um filósofo, que melhor que ninguém neste país sabe interpretar e sintetizar as correntes filosóficas, sociais e o pensamento pedagógico ao longo dos tempos, ao assumir que: “(...) nem científica nem pedagogicamente existe qualquer educação de físicos (...) que a expressão Educação Física se acha incrustada numa ambiência social onde o estudo desta matéria não é conhecido (...) e que a Educação Física deve morrer o mais rapidamente possível para surgir em seu lugar uma nova área científica que mereça dos homens de ciência credibilidade, respeito e admiração” (O DESPORTO Madeira, 27.06.03)".
Ilustração: Google Imagens.
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