terça-feira, 24 de abril de 2018

A ARTE DE MANIPULAR


O Secretário Regional de Educação tem demonstrado habilidade na arte da manipulação dos factos, pelo modo como os comunica e divulga a informação. Aliás, se não evita tomar ou adiar decisões, não assume a discordância e impopularidade das mesmas, quando as toma, optando por usar uma linguagem eufemística ou a manipulação informativa.


Um dos exemplos mais recentes, bem propalados, foi a questão da contagem integral do tempo de serviço docente para efeitos de progressão nas carreiras. Depois de muitas reuniões e compromissos, o Secretário assumiu publicamente, antes da greve e marcha marcadas pelo Sindicato dos Professores da Madeira, que os docentes recuperariam os mais de 9 anos de tempo de serviço congelado. Para alguns docentes, este período é maior, pois já não progridem desde 2004, por inércia legislativa. Todos criaram boas expetativas, naturalmente, mas passados quatro meses, nada se sabe de concreto. Ou seja, quando sai notícias da secretaria são sempre positivas, mas a realidade é bem diferente.
Outro exemplo, ainda mais atual, é a propósito da alteração ao regime de concursos na RAM. Os títulos noticiosos levam-nos a crer que as alterações aos diplomas foram bem recebidas pelas organizações sindicais, quando se veio a saber que era uma informação falaciosa e atentatória da credibilidade dos sindicatos. As propostas substanciais dos sindicatos não foram acolhidas, o que significa que pouco se alterou das propostas que foram a base de negociação.
As notícias dão conta que passará a haver apenas duas zonas pedagógicas, mas não diz que implicações isso terá, incluindo a dispensa de docentes contratados. Anuncia-se a eliminação da bolsa de substituições, mas não se diz que havendo apenas duas zonas e a criação de uma reserva de recrutamento, retira-se a necessidade da bolsa. Aliás, com a reserva de recrutamento, não se entende porque se reduz o número de zonas pedagógicas. O governo propõe mais uma vez fazer um concurso de vinculação extraordinária, quando o diploma de concursos prevê a vinculação dos docentes em funções durante 5 anos ininterruptos com horário anual e completo, pressupondo que se realizem concursos externos anuais. Para não se cumprir estes pressupostos, interrompeu-se a sucessividade de contratos a largas dezenas de docentes que se viram impossibilitados de vincular e agora, como benesse, vincula-se extraordinariamente. Fica melhor nos títulos.
Sr. Secretário, assuma as suas decisões, sem manipulação.
Ilustração: Google Imagens.

NOTA
Artigo de opinião, da autoria da Drª Sofia Canha, publicado na edição de hoje do DN-Madeira.

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