sexta-feira, 27 de abril de 2018

COM QUE INTENÇÃO? NÃO SEI!


Da edição de ontem do JM: "171 professores a faltar às aulas (...) Com o ano letivo a entrar na reta final, há 171 docentes fora das salas de aulas na Madeira. Entre esses, mais de 100 estão de baixa médica e há 33 com licença de parentalidade". É óbvio que são reduzidas as possibilidades dos jornalistas de contabilizarem tais números. Alguém os facultou e esse alguém, até prova em contrário, poderá ter sido a própria secretaria regional da Educação. Se foi, com que intenção, não sei! De qualquer forma, considero anormal que, descontextualizadamente, possa constituir um ataque aos professores, da mesma forma que fico "com a pulga atrás da orelha" quando aquela notícia surge no dia seguinte a uma manifestação de professores à porta da Assembleia Legislativa, onde o secretário foi confrontado com o problema da vinculação de professores. Há muita coincidência. E se se confirmar, isso não é bom para um sistema que necessita de serenidade. O tempo dirá os motivos subjacentes desta notícia.

Entretanto, o Sindicato de Professores da Madeira produziu e divulgou o seguinte comunicado:


"O Sindicato dos professores da Madeira repudia quaisquer notícias alarmistas que pretendam pôr em causa o profissionalismo dos docentes, pois não tem dúvidas de que esta é, claramente, uma classe constituída, na sua esmagadora maioria, por profissionais dedicados e abnegados, como têm mostrado sucessivos estudos nacionais e internacionais que têm analisado os índices de confiança da população portuguesa em relação a vários setores profissionais. O mesmo tem acontecido com o reconhecimento em relação aos docentes de várias organizações internacionais, como a OCDE.
Por outro lado, o SPM não pode deixar de emitir os seguintes esclarecimentos:
· É um erro crasso (partindo do princípio que se tratou de um ato inconsciente) considerar como “faltas ao serviço” ausências por doença, licenças de parentalidade e de casamento, gravidezes de risco, assistência a filhos e acidentes de trabalho.
· É manipulação da informação, que deveria ser, sempre, isenta, recorrer a títulos bombásticos sem qualquer rigor, como acontece quando se lançam números supostamente escandalosos em que se misturam situações díspares como atestados médicos, gravidezes de risco, assistência a filhos, acidentes de trabalho e licenças de parentalidade e de casamento.
· É demagogia escrever artigos em que se trata como incompetência profissional direitos consignados não só na Constituição da República Portuguesa mas também em várias leis de proteção dos cidadãos.
· É desviar a atenção dos problemas quando, no dia a seguir a uma manifestação que reuniu dezenas de docentes contratados, prejudicados por sucessivos governos regionais, se divulgam números adulterados que mais não pretendem do que justificar opções políticas contrárias à promoção do emprego estável e justo.
Por fim, o SPM chama a atenção para a irrelevância da percentagem dos docentes de baixa por doença (apenas 1,6%) e desafia a comunicação social a realizar investigações sérias comparativas para que se desmistifique, de uma vez por todas, a ideia de que os docentes abusam dos atestados médicos. Na verdade, o que os docentes desejavam era estar imunes a doenças, acidentes e quaisquer outros problemas que os impossibilitam de desempenhar a sua profissão em certos períodos".
Ilustração: Google Imagens.

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