domingo, 23 de fevereiro de 2020

Ouviram, senhores membros do governo?



Ouvi, na RTP-M, o Dr. Luís Sousa, Mestre em Direito Administrativo e Contratação Pública, CEO da ACIN iCloud Solutions. 
Não o conheço no plano pessoal, mas tenho uma especial admiração por esta figura madeirense. E ontem, a propósito de equipamentos oferecidos para uma sala de informática da Universidade da Madeira, disse de forma muito clara e assertiva:

"As escolas seguem um programa tecnológico que está atrasado 15 anos. E nós não podemos estar a gastar dinheiro em professores e nas infra-estruturas com um  programa que está atrasado quinze anos. Os alunos percebem. Ao perceberem isto desmotivam-se (...) Portanto, isto está tudo errado. 
Tem de haver um esforço muito grande para que as escolas adaptem os seus currículos e não estejam de costas voltadas para as empresas"

Ouviu, Senhor secretário da Educação? Não é com uma salinha aqui e outra ali, pomposa e ridiculamente designada por "sala de aula do futuro" (o futuro é agora), tampouco com umas experiências sobre robótica, que se ganham os desafios que as novas gerações têm pela frente. Isto implica uma mudança, em alguns casos radical, no que concerne à organização do sistema educativo autónomo (regionalizado), dos currículos, dos programas e dos princípios pedagógicos nos quais deve assentar o conhecimento. Ainda mais, não é com um sistema estupidamente centralizado, sistema que mata a autonomia dos estabelecimentos de aprendizagem, não é padronizando e burocratizando cada vez mais o sistema que se chega à inovação. Não é massacrando os professores com papelada inútil que se abre espaço ao conhecimento. 
Se desejam construir o futuro terão de respeitar a diferenciação entre escolas e a diferenciação pedagógica, o número de alunos por estabelecimento e gerar uma política de total respeito pelas vocações. O que depreendi das palavras do Dr. Luís Sousa é que, por aquele caminho, a desmotivação acontece porque, no plano tecnológico, há alunos que sabem muito, mas mesmo muito mais que os próprios professores. É contra esta escola amarrada, bloqueada e ao serviço da propaganda política que me insurjo. Isto não vai com "Ponto e Vírgulas"
Parabéns Dr. Luís Sousa, pelo seu êxito profissional e pelo contributo que veio dar com as suas esclarecidas palavras. O Senhor sabe, por experiência própria, pelo percurso que fez que "isto está tudo errado". Não apenas na tecnologia, mas na generalidade das aprendizagens.
Ilustração: Google Imagens.

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