terça-feira, 15 de setembro de 2020

Antes de começar já está em falência


"O que é importante não é a inovação, mas o inovador. As políticas públicas que hoje, mais do que nunca, precisamos, é termos uma reforma profunda do sistema educacional (...) o papel do professor será sobretudo de tutor, de ajudar a resolver problemas (...) será necessário fazer uma aposta nas qualificações que cruzem o mundo físico e o digital (...) os que conseguirem navegar melhor nestas duas realidades serão os melhores profissionais" - Engenheiro Carlos Moedas, ex-Comissário Europeu.


Por estes dias, naquilo que designam por "regresso à escola" (expressão que tem muito que se lhe diga), multiplica-se, no espaço escolar, o desfile de políticos com funções de governo. A propósito da pandemia ou não, esforçam-se por reafirmar os desígnios do sistema, os "notáveis esforços" feitos para que tudo esteja em conformidade com a "normalidade". Para onde caminham não dizem porque, talvez, nem saibam. Certo é que a escola está aberta, os alunos, os professores, os administrativos e restante pessoal estão lá para que tudo funcione com "tranquilidade". "Normalidade e tranquilidade" têm sido as duas palavras-chave do pensamento político. Um pensamento muito pobre, sublinho com toda a convicção, porque foge, como o diabo da Cruz, daquilo que deveria ser o pensamento estrutural e portador de futuro. Isso não se discute, porque, como está, assumem pela sua práxis, está bem e recomenda-se!

São tantos, de investigadores a autores de diversos sectores e áreas, passando por professores, que argumentam sobre o grosseiro erro deste sistema, velho, caduco, inoperante e desgastante, mais próximo do século XIX do que este século exige, mas teimam em continuar, cegos e surdos, fechados na sua redoma, incapazes de se deixarem fecundar pelas ciências, porém sempre altivos e transbordantes de uma "sabedoria" bacoca.  

E, de vez em quando, lá vem mais um colocar o dedo na ferida. Agora, foi o insuspeito e respeitado Carlos Moedas (PSD) dizer que se torna necessária "uma reforma profunda do sistema educacional" e que o "papel do professor será sobretudo de tutor, de ajudar a resolver problemas". Colocou tudo em causa: os currículos, os programas e a parte PEDAGÓGICA. Não falou da pandemia, enalteço, falou daquilo que é profundamente importante para o futuro do país, para a sua competitividade e, por extensão, para o aproveitamento das vocações, dos sonhos, felicidade de quem aprende e de quem motiva a aprendizagem.

Tenham consciência que esta escola está simultaneamente viva e morta. Viva porque acontece (abre todos os dias) e morta porque não se coaduna com as exigências do nosso tempo. Todavia, por estes dias, sempre altivos, fazem acreditar que este é o melhor dos mundos. Já não há pachorra! Uma vez por outra, digo eu, convém ler umas coisitas e sobretudo PENSAR. Lembrem-se de Carlos Moedas: "(...) Os políticos não podem criar emprego, o que cria é esta inovação disruptiva" (disrupção: que acaba por interromper o seguimento normal de um processo). Ora bem, como tudo permanece igual, com ou sem COVID, este será mais um ano perdido. 

Ilustração: Google Imagens.

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