O conceito de "conhecimento fragmentado" de que fala a filósofa Viviane Mosé aplica-se à situação da polémica em redor das "aulas" de "Cidadania e Desenvolvimento social". Vou, directamente, ao assunto: embora as múltiplas e importantíssimas questões da cidadania sejam de um valor incalculável na vida, não devem fazer parte de uma disciplina isolada, ainda por cima, sujeita a uma avaliação. É redutor a roçar o ridículo.
A cidadania, logo nos primeiros anos de escolaridade, constitui um processo transversal na aprendizagem, onde todos, repito, todos os professores devem estar envolvidos. É ininteligível a actual estrutura organizacional, curricular, programática e pedagógica que caracteriza o sistema, claramente "fragmentado", quando a escola precisa de uma revolução de conceito, que a leve a integrar o conhecimento. Logo, a "cidadania" lá estaria como preocupação básica. É a escola que tem de mudar na ideia de escola. Acrescentar um conjunto de preocupações autónomas, sujeitas a uma avaliação, para além de errado, apenas consomem tempo com resultados que não são proporcionais ao investimento.
Mas, para que essa transversalidade aconteça, também se torna necessário olhar, atentamente, para a formação dos professores. Ela é determinante. Docente que não transporte um conjunto de princípios tidos como fundamentais, não estará apto para ser o mediador de uma aprendizagem consequente. Mas também coexiste um outro aspecto, o da autonomia dos estabelecimentos de aprendizagem: enquanto todo o poder de decisão estiver centralizado, sem hipóteses de criação de outras experiências, obviamente que serão nulas as possibilidades de entender a escola como espaço de uma aprendizagem integrada e portadora de futuro.
Ilustração: Google Imagens.
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