terça-feira, 29 de setembro de 2020

EDUCAÇÃO - Qualquer caminho serve!


Um dos princípios orientadores que um gestor, público ou não, deve seguir é, desde logo, responder a três perguntas essenciais: onde estou? onde quero chegar? e que passos tenho de dar para lá chegar? É básico. Isto coloca-se ao político, ao empresário e a todos os que desejam atingir um objectivo. Coloca-se a todos nós na vida corrente. Quando não existem respostas ou elas apresentam-se difusas, entra-se no campo da "Alice no País das Maravilhas": "senão sabes para onde vais, então, qualquer caminho serve"



Onde estou (?) significa a caracterização exaustiva e segmentada da situação com a qual nos confrontamos em um dado sector. Passa não apenas pelos dados estatísticos, mas por múltiplos aspectos de natureza económica, social e cultural. É a partir desta caracterização que, com absoluta racionalidade e sentido das prioridades, se pode definir, por etapas de curto, médio e longo prazo, onde se deseja chegar (?). Finalmente, aí chegados, será possível, com rigor, elencar todas as tarefas, sujeitas, naturalmente, a contextos imprevisíveis, que irão permitir, no final do processo, a transformação de uma dada situação inicial em uma outra ideal.

Se isto não for observado, de uma forma graduada no tempo, o resultado constituirá sempre a repetição do passado, pincelado, aqui e acolá, sobretudo nas margens, com alguma coisita que não altera a questão de fundo. Isto permite dizer que é inaceitável que se peçam competências aos alunos à saída da escolaridade e os mesmos que a impõem manifestem uma flagrante ausência de "competências" para olhar o mundo e responder de forma adequada. É um paradoxo.

É mais fácil, eu sei, repetir o passado. Todos na rotina do dia-a-dia, no toca-entra-toca-sai, no debitar, fazer o teste e avaliar, porque assim deseja a hierarquia. Saem do gabinete (des)cansados da labuta. Nada, rigorosamente nada, bole com a consciência, com aquilo que dizem os investigadores, os pensadores e autores de diversas áreas do conhecimento. Por exemplo, questiono, se interessará aos "chefes de turno político", o que ainda há poucos minutos li, no decorrer de uma entrevista com o Psicólogo Eduardo Sá?: 

"É uma catástrofe o que se está a passar com os recreios" (...) "crianças fechadas muito tempo numa sala de aula, sem recreio, vão estar, obviamente, mais agitadas e tensas" (...) "Não me canso de desafiar as autoridades a explicar porque é que há tantas crianças a consumir antipsicóticos e metanfetaminas".

Pois, isso é lá no Continente, certamente dirão. Aqui nada se passa, tudo anda nos carris da "normalidade" e da "tranquilidade". Ora bem, mas, afinal, e este é o centro das minhas preocupações, para onde caminha o sistema educativo? A situação é, globalmente conhecida e facilmente se caracteriza; para onde caminha, duvido que alguém tenha capacidade para explicar; portanto, deduzo, a questão de saberem quais os passos para lá chegar constitui assunto que não preocupa. Lamento, porque com a Educação ninguém, e quando digo ninguém refiro-me, também, aos partidos políticos, deveriam brincar com ela.

Ilustração: Google Imagens.

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