terça-feira, 20 de março de 2018

A INVERSÃO DE PRIORIDADES



FACTO

Li: "O governo madeirense fez uma parceria com uma empresa que se dedica ao desenvolvimento de kits e programas educativos, nas áreas das artes e tecnologias. O executivo de Miguel Albuquerque quer ver os novos conhecimentos a chegar a mais 4 mil alunos nas escolas e nos centros sociais, através das atividades extracurriculares". Fonte - RTP-Madeira/Política.

COMENTÁRIO

O Senhor Presidente do Governo e o seu secretário da Educação não acertam na política educativa. Eu percebo o interesse pela iniciativa privada, demonstrada no caudal financeiro anual para a rede de escolas privadas (directamente, cerca de 26 milhões de euros ano) quando o sector público constitui a prioridade CONSTITUCIONAL e dever dos governos, e o privado, um direito à livre e legítima opção das famílias. O financiamento dos dois, em simultâneo, quando não existe falha na oferta, é que está completamente errado. É, por isso que, ainda há dias, um professor de uma escola pública me dizia que não tinham dinheiro para nada e que até o "papel higiénico era racionado". Quando falha para isso, imagino as necessidades relativamente ao processo pedagógico! Ora, no que aqueles dois governantes deveriam concentrar as suas atenções, não é no apoio a uma empresa de "kits e programas educativos, nas áreas das artes e tecnologias", mas sim na reorganização do Sistema Educativo, onde tais conteúdos, obviamente, têm lugar com os professores que fazem parte do corpo docente. Portanto, esta iniciativa, para além de constituir uma certa ou total desconsideração pela classe docente, equivale a um penso rápido em uma ferida profunda. Espero, ainda, que o presidente do governo saiba, enquanto adulto, quantas horas efectivas trabalha por semana e qual o horário, também semanal, das crianças e adolescentes, entre o cumprimento do currículo, actividades escolares, estudo e outras (muitas) fora do ambiente escolar. Pergunto, se será de bom senso sobrecarregá-las com mais uma actividade extracurricular?
Finalmente, quanto custa esta "brincadeira"?
Ilustração: Google Imagens.

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