A declaração é do Professor Diamantino Santos, presidente do Clube de Ecologia Barbusano. Um clube que, lamentavelmente, definha. Dá que pensar o excelente trabalho apresentado, na edição de hoje do DN-Madeira, pelo jornalista Ricardo Duarte Freitas. Leio: a culpa é do modelo do sistema de ensino que não permite contextualizar o conhecimento. Diz o professor: "além de dar a conhecer os sítios, o objectivo das saídas de campo é olhar, reflectir, analisar e interpretar os sinais da paisagem, fisicamente e na forma como tem evoluído, juntamente com os cursos de água, as formas de relevo e a intervenção humana no espaço (...) na última saída, entre o Santo da Serra e a Ribeirinha (Camacha), que contou com cerca de 60 participantes, nós encontrámos eiras velhas, cerca de 10 a 11 casas abandonadas e colonizadas pelo silvado. Isto corresponde ao abandono do mundo rural, à saída dos jovens, à fraca acessibilidade dos locais" (...) É um pouco como ler a paisagem, encontrar lixo e ver os impactos negativos, as águas que deviam estar canalizadas e não estão, percursos que não estão cuidados, levadas entupidas".
Fico perplexo como é que, nos dias de hoje, se secundariza tamanha vivência de aprendizagem. Pois, percebo: "as actividades do clube não entram no ranking" (...) "As saídas são parte integrante da formação, da cidadania, mas não saem no exame de físico-química”, ironiza o professor. Nem mais.
Leio e exclamo: oh escola quanto errada estás! Hoje, os clubes, como o Barbusano, estão assim, "tipo satélite em órbita. À espera que alguém tenha tempo de retomá-los".
Continuo a ler: o foco do ensino está centrado na sobrecarga horária e no próprio edifício da escola. "É tudo muito teórico, tudo para exame" (...) "Antigamente a dinâmica era diferente, havia mais participação dos alunos. Era mais fácil a participação deles. Desde que começaram os exames nacionais o foco dos alunos é diferente. É trabalhar para as notas”, salienta o Professor Agustin Freitas. “Falo pelo que vejo nos meus alunos: as saídas de campo são sempre aos sábados e eles chegam a sexta-feira já esgotados. Eu também estou esgotado. E é claro que a motivação é outra”, acrescenta.
Nota final: "O clube de ecologia é auto-suficiente. Vive das quotas dos cerca de 60 sócios pagantes que se destinam inteiramente às actividades. Não recebe qualquer comparticipação financeira do governo, do município ou da escola". Voltei atrás e reli partes do trabalho e exclamei: que raio de sistema que se interessa tanto pela "bandeira verde" aqui e ali, como acto de propaganda política, mas que, qual paradoxo, directa ou indirectamente, bloqueia a contextualização do conhecimento. Tudo teórico... tudo manual... tudo exames, mesmo que seja para esquecer. Que pobreza!
Professor Diamantino Santos e todos os outros, não deixem que o Barbusano morra. Têm a palavra o secretário da Educação e a secretária do Ambiente e dos Recursos Naturais. Entendam-se.
Ilustração: Google Imagens.
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