sexta-feira, 29 de junho de 2018

NO MÍNIMO DEVERIA SER INVESTIGADO. JÁ AGORA, A INSPECÇÃO DE EDUCAÇÃO QUE ACTUE...


Sei que se trata de uma situação "normal" enraizada entre alguns profissionais da política. Normal, não! Absolutamente, anormal. Agora, consta que terão existido influências externas no processo de eleição do órgão directivo da escola do Curral das Freiras. Não constitui novidade. Há, sempre existiu, uma rede de influências a tentar jogar tudo no sentido do ganho de posições. Quando o tiro sai pela culatra arranjam uma solução: ou acabam, no caso do Curral (exemplo mais recente) com a direcção da escola, ou cortam, nos subsídios, no caso do associativismo. Os exemplos são muitos, desde escolas às casas do povo, até aos clubes e associações de todo o género, passando pelas autarquias de cor política diferente. Porém, a situação é hoje diferente, é menos rebuscada, menos ofensiva, é mais subtil, não precisa da existência de uma declaração, como em 1933, no Estado Novo, no tempo de Oliveira Salazar (Dec-Lei 27.003): "(...) Declaro por minha honra que estou integrado na ordem social estabelecida (...) com activo repúdio (...) de todas as ideias subversivas". Tal diploma visava, inclusive, no plano do ensino, "os candidatos  ao estágio pedagógico de qualquer espécie ou grau de ensino (...)".  Na cabecinha de alguns continua a imperar a ideia que a escola pode ser "subversiva" e, portanto, tratam de cortar, pela raiz, aquilo que consideram ser um mal. E fizeram-no, descaradamente! 



Conheço o sistema por dentro e muitas histórias que sempre geraram em mim um sentimento de pena relativamente aos decisores. São demonstrativas de um conceito muito estrábico da vida e da vivência democráticas. Até para um Conselho Executivo de uma escola, pasme-se, na tentativa de tudo controlar, para que a política partidária de subserviência, estrangule todas as outras possibilidades no quadro dos direitos de cidadania. É, por isso, que há escolas há dez, quinze, vinte e mais anos sempre com os mesmos professores na liderança. É uma constatação. É assim, há gente sem emenda e sobretudo, sem a clarividência que há um tempo para tudo. Um tempo para estar e um tempo para dar lugar aos outros. Vivem obcecados pelo poder, não pelo serviço público à comunidade. Não é apenas, de todo, por causa de uma retribuição mensal! Existem outros interesses para além do que se apresenta na montra.
Lembro-me, quando pela Assembleia Legislativa passei, das "visitas de estudo" de crianças ao edifício do primeiro órgão de governo próprio, onde distribuíam às crianças um livrinho sobre o partido do poder, no qual constavam todas as fotos dos deputados da maioria. Seria natural e pedagógico que a Assembleia distribuísse um documento sobre o principal órgão da Autonomia, mas não, distribuíam as carinhas dos deputados impressos em papel laranja. Não esqueço, também, o que escutei de um deputado que manifestou o desejo de criar uma célula do seu partido em cada turma escolar. 
Mas regressando à questão que aqui me traz, muito embora não sendo da sua exclusiva competência, questiono, que tal essa INÚTIL Inspecção Regional da Educação, ao invés de se preocupar com tonteiras, averiguasse a pouca-vergonha de intromissão externa nos actos electivos que deveriam ser completamente livres? Consta na página dessa Direcção Regional, liderado por um profissional do Direito (ao que isto chegou!), que um dos seus objectivos é o de "(...) Conceber, planear e executar ações inspetivas, em qualquer âmbito do funcionamento do sistema educativo regional" (...) no quadro dos "riscos de corrupção". Talvez não fosse mau e constituiria um bom exemplo (pedagógico) de como vivenciar o sistema educativo pelo prisma da verdadeira DEMOCRACIA. Quando os políticos não demonstram respeito pelos outros, nem por si próprios acabam por ter.
Ora, no caso da Escola do Curral das Freiras, concelho de Câmara de Lobos, organizada e distinguida no plano Nacional pelos seus resultados, ficar sob a orientação de uma escola do Funchal (S. António), dias depois de um acto eleitoral interno, só pode ser por VINGANÇA. Não é pela historieta de ter poucos alunos (253) ou por causa da natalidade. É por VINGANÇA, com todas as letras.
Ilustração: Google Imagens.

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