Homessa, senhor secretário! Confesso que fico triste por ver, sistematicamente, um professor, contra os professores. Fico com alguma revolta quando assisto a professores que desempenham funções de direcção de escola, apadrinharem os ataques por parte de quem governa. Mas vou ao que interessa. Com orgulho sou sindicalista (presidente da Assembleia de Sócios do Sindicato de Professores da Madeira) e nunca, mas nunca pressenti a existência de uma agenda de natureza política. Aliás, na Madeira, nunca tive a percepção que, no caso concreto do SPM, os seus dirigentes estivessem ao serviço de uma qualquer ideologia partidária. Porque mandatados, estiveram sempre ao serviço dos professores. Qualquer sindicato tem uma óbvia natureza POLÍTICA, jamais partidária. Se assim não fosse há muito teria saído. Pura e simplesmente essa putativa agenda não existe. Ou só existe na cabeça do governante.
Confusão. Emaranhado de fios e promessas, mas luz, NADA! |
É histórico que ao longo de 40 anos de sindicalismo, todos os seus quadros dirigentes, dos pioneiros aos mais recentes, sempre viram os interesses do sistema educativo primeiro que os seus próprios interesses de classe. Pelos principais sindicatos, um deles desde sempre muito próximo do PSD, passaram professores que lutaram, sim, pela dignidade da função docente e nunca pressenti, repito, que tivessem confundido interesses pessoais ou de grupo com direitos profissionais. E são esses direitos que estão em causa. Que os seus dirigentes tenham, obviamente que têm, as suas convicções político-partidárias, claro que sim, pois fazem parte da sociedade e são eleitores. Porém, no desempenho das suas funções, enquanto parceiros, nunca, mas nunca, assisti a qualquer atitude concertada no sentido do favorecimento de uma determinada linha ideológica de pensamento. No SPM, nem o facto de estar ligado à Fenprof (CGTP-IN), pois os sócios respeitam a sua própria autonomia. Outros estão ligados à UGT! Que mal existe nisso? É a democracia...
Desvalorização, conversa para entreter, falta de respeito, perseguição, burocracia, controlo absoluto sobre as escolas, desonestidade na relação e que conduz ao medo, precariedade, encerramento de estabelecimentos, legislação avulso e não totalmente negociada, ausência de projecto educativo sustentável e portador de futuro, horários agravados e incompatível com a vida, em média superior a 46 horas semanais, política de centralização e de padronização ao invés de autonomia e liberdade de acção, gravíssimo abandono e insucesso escolar (negado, claro), insolência, indisciplina e má educação, políticos na cúpula do próprio sistema completamente desencantados e, com razão, a zurzirem como nunca, o topo da carreira transformado em uma miragem, ora bem, que mais elementos caracterizadores do sistema necessita o governante, responsável primeiro que é por tudo isto? São aqueles os interesses dos professores, que deveriam ser, aliás, os interesses de quem governa. Neste caso, porque também é professor. Eu sentiria vergonha se desempenhasse um cargo e, passados quatro anos, o deixasse no mesmo ponto que o recebi.
Por outro lado, os governantes deveriam interiorizar que o exercício da política constitui um serviço à comunidade, até porque a vida dá muita volta, não existindo lugares definitivos nas responsabilidades públicas. Em apenas doze horas, tempo de abertura e encerramento das urnas de voto, o povo muda e manda abaixo qualquer pedestal. Portanto, o secretário regional apesar de não apreciar a luta dos professores, tê-la-á sempre, de forma frontal, com bom senso e respeito. A recente proposta da secretaria de contagem de todo o tempo de serviço, prestado e não pago, tem muito que se lhe diga. Pelo que li, o documento tem muitas pontas soltas e manhosas, muito manhosas. E porque não existe qualquer agenda política, existindo sim questões de seriedade, respeito, honestidade e justiça, prepare-se porque terá, penso eu, contestação pela frente, mesmo que a greve seja levantada. A negociação é fundamental. O tempo do quero, posso e mando está a esfumar-se.
Finalmente, hoje remeteram-me uma série de frases interessantes de Carl Gustav Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço. Seleccionei uma: "Os erros são, no final das contas, fundamentos da verdade. Se um homem não sabe o que uma coisa é, já é um avanço saber o que ela não é". Deixei aqui o que ela não é... refiro-me ao sindicalismo!
NOTA
Isto significa que, na carreira virtual, um docente, com 29 anos de serviço, deveria estar no 8º escalão. Na carreira real está no 5º com um perda de 21,4% no salário, isto é, menos € 581,99 por mês. E um secretário?
Ilustração: Google Imagens.
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