domingo, 20 de março de 2022

"A ESCOLA É UMA SECA" NA FNAC DO MAR SHOPPING (PORTO)



No Fórum FNAC, do Mar Shopping, no Porto, foi apresentado o livro "A Escola é uma Seca". Teve essa responsabilidade a Drª Cristiana Almeida, professora da conhecidíssima Escola da Ponte que falou sobre a sua experiência na sua escola em compaginação com o texto do livro.




Deixo aqui algumas partes do que enalteci:

O Sistema Educativo está calmamente sentado e muito próximo do olho do furacão. E os sinais do furacão são bem sensíveis por alunos, pais, professores e pelo sistema empresarial. Em síntese, a Escola está desfasada do tempo que estamos a viver. Quando, por um lado, os alunos dizem que “ali não se pensa, ali decora-se”, porque “a escola está desenhada em torno da matéria” e que “não existe um propósito”, por outro, 84% dos professores desejam reformar-se antecipadamente, significa isto que para os dois principais actores esta escola está conceptualmente desacreditada. Porque nos esquecemos que o papel da Educação é transformar.

O enciclopedismo que os currículos e os programas transportam, o ensino estático e segmentado por disciplinas, desfasados da vida real, não conduz a resultados proporcionais ao investimento na Educação. Aliás, faço minha a posição de Ilídia Cabral, docente universitária e investigadora, quando assumiu “que as escolas têm de aprender a ensinar no Século XXI, sob pena de se tornarem dispensáveis”. Estamos preocupados com conteúdos programáticos, quando existe uma grande diferença entre conteúdos e conhecimento. Nesta escola, o conteúdo está mais próximo da quantidade; o conhecimento constitui uma aposta na complexidade. Em síntese, confrontamo-nos com uma escola igual para todos, quando todos somos diferentes na origem e nos sonhos.

Hoje, se bem observarmos, continuamos a ter de um lado a Escola e do outro a Vida. Uma Escola acantonada dentro dos seus muros, incapaz de os trepar e olhar para o que se está a passar em todos os outros sistemas. Se a escola fizesse esse esforço de espreitar o mundo, mesmo por uma fresta, perceberia o crescente desencanto daqueles que diz querer formar. Perceberia as fragilidades e as causas do abandono e do insucesso. Perceberia, certamente, que pouco vale a imensa tralha de pseudo-conhecimento desarticulado que transmite. Aliás, o sistema continua a preparar para empregos que não vão existir. Porque estamos agarrados, de forma inflexível, aos currículos, aos extensos programas e aos formatos pedagógicos que matam a curiosidade e o sonho.


A Constituição da República deveria possibilitar a existência de um país com três sistemas educativos: Continental, Madeira e Açores, no pleno respeito pelas Regiões Autónomas. As regiões só deveriam ter como limite a acessibilidade ao nível superior, sublinho, enquanto permanecer o actual quadro de exames no 12º ano. Se todo o sistema for debatido, parece-me óbvio que surgirá outro formato onde o exame deixará de ser prevalente para a entrada no superior.

O livro está à venda:
Livraria Esperança - Funchal

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