segunda-feira, 31 de outubro de 2022

"A Escola é uma seca"

 

O problema não está na diminuição de 1 276 professores relativamente a 2010/2011 (7 105), uma vez que se verificou uma significativa diminuição da taxa de natalidade. Há menos crianças, portanto, menos são os professores necessários nos estabelecimentos de aprendizagem. O resto é conversa para entreter. (ver Dnotícias de hoje). Importante é saber onde se quer chegar com a actual política educativa. Repetir o passado com ligeiras alterações nas margens? Por aí eu diria que "vai dar erro". Aliás, o sistema vive, permanentemente, no erro. Nem tentativas faz para o evitar e, naturalmente, caminhar. Está acomodado e sobrevive da e na propaganda, não se percebendo como é possível se afirmar que se trabalha no sentido da "contínua melhoria do sistema". Mas alguém saberá para onde caminha?


Gostaria de assistir era ao debate, isso sim, não das ninharias, mas de tudo aquilo que é estruturante de um sistema desenhado para dar resposta às necessidades de uma escola compaginada com a vida. Não esqueço e continuarei a repetir até à exaustão o que escutei há mais de 50 anos:


"Como pode uma escola sempre igual 

competir com a vida que é sempre diferente. 

O desencontro é inevitável"


Eu já dei o meu contributo através da edição do livro "A Escola é uma seca". Não se trata de uma receita ou de um ponto de chegada. Trata-se, apenas, de um ponto de partida. Humildemente, peço que o adquiram e que façamos o debate.


À venda na

LIVRARIA ESPERANÇA
Rua dos Ferreiros - Funchal

Pode também ser solicitado:

https://www.livrariaatlantico.com/lis.../a-escola-e-uma-seca
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A escola é uma seca, uma pesquisa em Filosofia na Fnac.pt
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terça-feira, 25 de outubro de 2022

CONVERSA SOBRE EDUCAÇÃO

 



A convite da Fundação Livraria Esperança, que muito me honra, na próxima Sexta-feira, com início às 18:00 horas, participarei numa "conversa sobre Educação". Darei o meu modesto contributo no quadro de um sistema que necessita, obrigatoriamente, de uma urgente revisão que vá ao encontro dos alunos, dos professores, dos pais e do desenvolvimento.

Espero lá encontrar aqueles que, de pensamento livre, desejem debater o actual estado da Educação. 
Até lá, Amigos.

Negar a ciência ou falta bom senso?

 

O Professor Doutor Santana Castilho esteve na Madeira e teceu algumas considerações relativamente à política de utilização dos manuais digitais. Sumariamente, tal como já neste espaço referi, assumiu que a estratégia dos tais manuais digitais, iniciada há oito anos nos Estados Unidos, está a ser abandonada. E explicou as razões.



Ora bem, quando uma figura académica, autor e colunista do Público, no decorrer de uma conferência para professores, despoleta uma situação destas, presumo que as campainhas de alarme deveriam tocar de forma estridente nos ouvidos dos responsáveis políticos. O secretário da Educação devia, imediatamente, sentir-se preocupado e proceder à auscultação de todos os que directamente estão ligados ao sector. Com uma pergunta-chave tão simples quanto esta: "será que estamos no percurso certo ou teremos de arrepiar caminho?" Simples! Se os neurocientistas invocam que o que parece não é, então, que se estude e que se mude de orientação. Só lhe ficaria bem, porque, diz a sabedoria popular a todos nós que "só os burros não mudam".


O que me parece é que o governo seguirá a sua orientação, sendo provável que o Professor Santana Castilho será considerado como uma pessoa a não tecer, no futuro e localmente, opiniões sobre a política educativa regional. E os manuais digitais continuarão e as tais "salas de aula do futuro" emergirão por aí, embelezando e servindo a propaganda de natureza política. O conhecimento científico ficará para depois.

A utilização da tecnologia, necessária e extremamente importante, não se esgota colocando os manuais em papel num tablet, mantendo intocável o formato pedagógico. Tudo isto significa que existe uma crónica teimosia em viver de modas e de aparências, onde o estudo fica sempre para mais tarde. Professores da minha terra, acordai!

Ilustração: Google Imagens.

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Tecnologia não é "meter" os manuais em papel no tablet!


Quem o diz é o professor Santana Castilho, que aponta os Estados Unidos da América como um país que abandonou a estratégia. Entre as razões estava o aumento das doenças oftalmológicas.


Unsplash

O projeto Manuais Digitais arrancou em 2018, na Madeira. Desde então, tem vindo a transformar-se numa referência, incitando outros países a adotarem a estratégia da desmaterialização. Este ano letivo, a medida passou a cobrir 9.500 alunos e dois mil docentes – o que corresponde, respetivamente, a 45% e a 33% dos alunos e professores da região autónoma, avança a "SapoTek".

No entanto, cada vez mais se tem questionado o impacto a nível cognitivo que um futuro completamente digital pode ter nas crianças e jovens – e, afinal, não parece muito promissor. Quem o diz é o professor Santana Castilho, na conferência da Associação Nacional de Professores desta sexta-feira, 21 de outubro.

"Estudos feitos por centros de investigação e cientistas da neurociência concluíram que o desenvolvimento cognitivo dos jovens que tiveram um grande mergulho nas tecnologias digitais aos 11 anos está similar àquele que há 30 anos as crianças tinham com 8/9 anos de idade", explica Santana Castilho, em declarações à RTP.

Existem várias razões que, alegadamente, demonstram os efeitos nocivos da adoção desta medida. Uma delas é a situação dos Estados Unidos da América, onde "a experiência dos manuais digitais começou há 8 anos" – e, desde então, tem sido abandonada sistematicamente". Porquê? "Porque o custo relativamente aos manuais em papel disparou, é cinco vezes mais caro. E porque as doenças oftalmológicas aumentaram em 30%", frisou o professor.

Em Portugal, a desmaterialização abrange 66 agrupamentos e cerca de 12 mil alunos, segundo o “Jornal de Notícias”. Mas esta é uma iniciativa que se deve expandir por todo o País. Isto porque o ministro da Educação, João Costa, já havia revelado as suas expectativas no que ao assunto diz respeito – que todas as escolas tivessem manuais digitais até 2026, altura em que a sua legislatura termina.

sábado, 22 de outubro de 2022

O sistema está amarrado, estrangulado e centralizado numa pessoa!


Desde há muitos anos que nos conhecemos. Tenho pelo Engenheiro Arlindo Oliveira uma enorme consideração e estima. É um Homem esclarecido, de pensamento aberto ao Mundo, perspicaz e sensível face aos dramas sociais. Num tempo que não era fácil ter opinião, não se escondeu. Infelizmente, não foi aproveitado no plano do exercício da política. Ainda assim, em vários mandatos, servimos o Funchal enquanto Vereadores. Aquilo que escrevo relativamente ao sector da Educação, dos poucos que vêm a terreiro debatê-la, ele é um dos que se interessa apesar deste não ser o seu sector de actividade profissional. 



Há dias, publicou um texto sobre a Teoria da Relatividade de Albert Eintein - De Newton (1643-1727) a Einstein, (1879-1955) uma nova visão do mundo e do Universo. Republiquei-o no meu blogue pela importância que tal texto reflecte. É fruto do seu continuo interesse pelo estudo de temas apaixonantes e que a maioria de nós não domina. Já antes tinha acompanhado uma interessante e contagiante entrevista, melhor dizendo, diálogo com o Padre José Luís Rodrigues. Uma conversa que me encheu. E se o trago aqui é pelo facto de naquele trabalho sobre Einstein, o meu Amigo Arlindo, independentemente de todo o conteúdo, ter destacado o facto de Einstein ter sido um aluno mediano nas disciplinas de Física e de Matemática. Estava sempre distraído e teve que sair da escola. O seu texto começa assim: 

"Albert Einstein, nascido nos fins do século XIX, (1879) veio a revelar-se um génio, apesar de, na escola, alguns dos seus professores, não lhe alvitrarem grande futuro na vida, já que, não se revelou, tradicionalmente, um aluno normal, aliás, como a muitos de nós, muitas vezes incompreendidos, ouvimos, em versão semelhante, maus augúrios, da parte de alguns dos nossos professores (...)".


Perante isto, respondi-lhe: "Apenas um desabafo que vai muito para além da nossa Amizade: enquanto metáfora, quanto gostaria eu que toda a classe docente se chamasse Arlindo! Precisamos de um (AR)ejamento total e LINDO no quadro de um novo pensamento em harmonia".

Poucos minutos depois retorquiu: "Gostei meu caro amigo André Escórcio, mas sei que não mereço, no entanto, sempre tive curiosidade em conhecer cada vez mais e que o conhecimento chegasse a todos, especialmente àqueles que não são ouvidos nem têm voz para exprimirem o que lhes vai na alma  (...) quando era universitário constatei que era mais fácil mudar o mundo começando na nossa família, no nosso sítio e na nossa aldeia, etc. etc., (...) mas, afinal, quando regressamos, “formados”, armámo-nos em doutores e perdemos a parte genuína que nos levou à universidade - a nossa pureza de espírito - sim quando regressamos estamos vendidos ao sistema que nada diz ao povo, pelo contrário, oprime-o. Caso contrário a revolução estaria feita por dentro e bem! (...) Um abraço e não disserto mais porque estou a comover-me tão claro é para mim, este meu sentir da realidade - a mudança está em nós, em todos nós e a começar pelos que estão mais perto. Um abraço André."


Pois é, Amigo Arlindo, em todos os sectores "a mudança está em nós". Infelizmente, a maioria não a quer ver. Ainda neste fim-de-semana esteve na Madeira o Professor Doutor Santana Castilho que teceu algumas considerações que deveriam merecer atenção e debate (RTP-M/TJ de Sexta-feira). Caríssimo Arlindo, creia que dei uma gargalhada quando escutei o Professor dizer que, nos Estados Unidos, a implementação dos manuais digitais, iniciada há oito anos, foi abandonada, porque os cientistas concluíram que o desenvolvimento cognitivo das gerações mergulhadas no digital é equivalente ao das crianças de 8/9 anos de há 30 anos; por outro lado, são cinco vezes mais caros para além de ter crescido em 30% as doenças oftalmológicas. Por aqui, andam com a peregrina ideia da "sala de aula do futuro" (a Educação é hoje, não é amanhã) e com os manuais digitais que não são mais do que os de papel "metidos" no digital. E o que quero dizer com isto? Que a putativa novidade pegou, porque não se debate, porque não sabem para onde caminham, porque poucos são capazes de dizer que este rei vai nu, porque o sistema está amarrado, estrangulado, centralizado numa pessoa assessorada por uma meia-dúzia incapaz de dizer que esse não é o caminho. Tecnologia na escola não é aquilo que andam a fazer! Há um défice de estudo quanto à necessidade de reinventar o sistema, que passa por assumir a autonomia plena dos estabelecimentos de aprendizagem, por desenhar novos currículos, por ter uma nova visão programática, por alterar profundamente o paradigma da aprendizagem, por entender a escola como cultura, por trazer a vida para dentro da escola respeitando o sonho individual e por colocar em cima da mesa essa doentia obsessão pela avaliação, tudo isto, entre outros, são assuntos que os políticos de turno não querem e não desejam.


Não imagina, Amigo Arlindo, quanto perplexo fico quando assisto ao silêncio, ao cansaço dos professores, à generalizada angústia dos alunos que olham para uma escola que pouco lhes diz, por ser repetitiva, rotineira, previsível e em que todos, professores e alunos, não se sentem bem. Uma escola burocrática, de uma falsa meritocracia e distante da vida real. O que fazer, Arlindo? Continuar ou desistir? Assumiu o Dr. Mário Soares: "só é vencido quem desiste de lutar". Por isso, mesmo que não queiram aprender, continuemos a escrever e a debater. Um abraço.

Ilustração: Google Imagens

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

A "questão aula" e a obsessão pela avaliação

 

Nos finais dos anos 60 fui aluno de um professor que dedicava os primeiros minutos de um novo encontro connosco, à resolução do essencial do que tínhamos escutado e debatido na sessão anterior. Essas respostas eram individuais, não eram recolhidas pelo Professor e apenas serviam para nós (colectivamente) nos situarmos na compreensão da matéria (conhecimento), repito, escutada e debatida. Só passávamos adiante quando 80% estava percebido e consolidado. Não havia qualquer preocupação avaliadora e registada no sentido professor-aluno, mas apenas o aluno como centro da aprendizagem. Isto, há 50 anos!



Nos últimos anos, um ministro, cujo nome, intencionalmente, não quero recordar, entendeu lançar, generalizar e até "obrigar" à realização daquilo que se designa por "questão-aula". Rapidamente, passou-se de uma atitude formativa para o aluno, que muitos professores já desenvolviam, para um âmbito classificativo, embora, numa percentagem reduzida no cômputo geral da avaliação. É a espada avaliadora, onde qualquer outra preocupação só marginalmente reside no aluno. Isto, 50 anos depois!

Aliás, nos estabelecimentos que deviam ser de aprendizagem (ainda os designam por estabelecimentos de ensino) é cada vez maior a obsessão pela avaliação, não pela aprendizagem. São muitas as paranóias que os invadiram: a centralização dos processos, hierarquicamente definidos, que impedem a autonomia e a liberdade de cada estabelecimento criar as suas próprias dinâmicas de escola e de aprendizagem. 

Vivem num espartilho onde tudo se acomoda dando a entender formas naturais, quando, se retirarmos as amarrações,
o corpo desintegra-se em bocados mil;

é o excessivo número de alunos por estabelecimento; é o processo burocrático, onde muito para nada serve, que enche o arquivo-morto e continua a retirar tempo e disponibilidade para pensar a aprendizagem centrada no aluno; é a irresistível motivação para a realização de actos irracionais, como a da obsessão pela avaliação de natureza classificativa; é a manutenção de um arcaico conceito de aula e de turma; é essa praga da uniformidade que padroniza currículos, programas e conceitos organizacionais de aprendizagem, como se todas as populações fossem iguais, os professores não tivessem capacidade para entender a aprendizagem de forma diversificada e a forma como se aprende fosse de sentido único. É a louca correria por uma enganadora meritocracia que traz para dentro da escola muitas taras e desigualdades sociais. Tanto que sobre isto há a dizer e a debater!  

Regresso ao princípio a essa história da "questão-aula", onde até já existem cadernos com enunciados. Aquela expressão não me agrada, sobretudo porque tenho um entendimento negativo da palavra "aula". Aliás, na linha do que tantos autores já assumiram. Tenho presente o Professor José Pacheco, incontornável na forma como entende o processo de aprendizagem. Ele assume: "a aula não ensina e a prova não prova". Portanto, é tempo de parar com essa lógica que assenta no pressuposto que "o modo como o professor aprende é o modo como ele ensina". E andamos neste círculo vicioso e sem tempo para pensar e sobretudo para fazer pensar. Ora bem, porque não me quero alongar, fazem todo o sentido as preocupações de natureza formativa, nunca as obsessões pela avaliação subordinada na repetição e na memória, onde 90% se esfuma passados 30 dias. A aprendizagem tem contornos diferentes e o conhecimento nada tem a ver com pontuais "questões-aula" de natureza classificativa. Não é pela existência de uma "questão-aula" que a motivação para o estudo (curiosidade) se desenvolve. É tempo de fazer um "resert" ao que andamos a fazer, muitas vezes até por convicção!

Ilustração: Google Imagens.

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Perguntas simples de resposta complexa

 


O sistema educativo está envolto numa teia, tecida ao longo de muitos anos por políticos que denunciam uma claríssima dificuldade em responder a questões básicas. Deixo aqui apenas duas de um extenso rol que deveria preocupar os que ocupam cadeiras de poder político:

1ª Sabendo-se que a capacidade de atenção dos alunos oscila entre 10 e 18 minutos, que razões científicas sustentam a manutenção de "aulas" entre 45 e 90 minutos?

2ª Sabendo-se que, aproximadamente, em 30 dias, 90% do que, pressupostamente, se aprende numa "aula" apaga-se, que razões científicas sustentam a manutenção do actual "modelo de aprendizagem"?

Ilustração: Google Imagens.

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

"Sala do Futuro"? Não seria melhor designarem por "laboratório tecnológico"?


Na política, deixa-me um rasto de pena aqueles que, discursivamente, conduzem ao engano através da artimanha das palavras, dos sentidos e dos ares convencidos que uma determinada orientação é a melhor para o povo. Sinto comiseração quando cruzo, o pouco que sei com aquilo que dizem, em função do conhecimento que existe. Vem isto a propósito das anunciadas "salas de aula do futuro". Sobre este assunto já diversas vezes escrevi (ver links no final do texto), mas entendo que vale a pena voltar ao assunto.



Façamos estas contas: 20 alunos x 14 "salas do futuro" = 280 alunos abrangidos a prazo. A população de estudantes na Madeira é de cerca de 40 000. Se dividirmos este global por 280 (7%), chegamos a uma necessidade de 143 salas, no quadro organizacional do actual conceito de escola. Por outras palavras, o tal futuro é inatingível para a esmagadora maioria desta geração. Com alguma ironia aqueles dados fazem-me ter presente o dístico à entrada de uma taberna: "Amanhã fia-se, hoje não". E assim taberneiro empurra o problema para depois.

Só é inteligível uma sala equipada para a aprendizagem nos dias que estamos a viver, se ela corresponder a um novo pensamento acerca do que se deve entender por Escola. Concomitantemente, se apresentar uma relação mútua com uma nova organização interna que determine, no plano pedagógico, como chegar ao conhecimento relevante e em conexão. Não é, pois, carregando os manuais em papel para dentro do digital ou com uma série de salas referenciadas "do futuro", porém, mantendo o formato pedagógico, que se despertará o interesse dos alunos e, por aí, os patamares do conhecimento superior. Não sou eu que o digo, são tantos os autores que o referem. Apenas sou um "porta-voz" do que outros escreveram. Portanto, porque aquele tipo de sala não deve ser de experiência pontual, mas permanente, estamos face a um logro, a uma propaganda sem sentido, ou, pior, face a uma fraude conceptual.

Aliás, pergunto, onde podemos ler o estudo, devidamente fundamentado através de uma extensa revisão bibliográfica, que fundamente os passos entre o "onde estou" e o "onde quero chegar"? Se existe, a comunidade educativa desconhece, o que pode significar que o sistema anda ao sabor de algumas modas, de interesses políticos e de empresas que apenas desejam vender equipamentos. Alguém foi ouvido? Leiam, entre outras, a entrevista do Professor Pepe Ménendez que, em 2019, esteve na Madeira (Jaime Moniz) onde proferiu uma conferência subordinada ao título "Uma Escola transformada para ser transformadora". Na Catalunha, levou alguns anos a Ratio Studiorum do Século XXI (Jesuíta). Do debate, disse Pepe Ménendez, surgiram 56 000 ideias e, dessas, 17 propostas foram seleccionadas para servirem de base ao "modelo sincrético". "(...) Só depois deitaram abaixo as paredes das salas tradicionais, transformando-as em espaços de conhecimento, eliminaram a ideia de disciplinas separadas, testes, horários e trabalhos de casa. Tiveram a coragem de romper com a ideia de que o professor dá o conhecimento (...)" - Do livro da minha autoria, A Escola é uma seca - pág. 148. Para justificar as "salas de aula do futuro", questiono, assim, que estudos foram realizados?

Perante isto, sumariamente alinhavado, não seria mais avisado esquecerem essa infeliz designação de "sala de aula do futuro" (na escola, o futuro é hoje - sentido prospectivo), antes designando-a por "laboratório tecnológico"? Em simultâneo, senhores políticos, digam o que pensam sobre a Escola para os tempos que vivemos. É a escola que encontra as traves-mestras no Século XIX ou uma outra projectada para o Século XXI? Eu adoro a improvisação (leia-se criatividade), mas no Jazz. No sector da Educação a improvisação é música dissonante para os ouvidos de quem pensa. Fico com a sensação de ausência de estudo e sobretudo com a ideia de "desenrasque" no pior sentido.

Ilustração: Google Imagens.

EDUCAÇÃO : FALAM DE SALAS DO FUTURO QUANDO O FUTURO COMEÇOU HÁ MUITO! (educacaopensamentoautonomia.blogspot.com)
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