segunda-feira, 8 de outubro de 2018

ENTRE UM PRESIDENTE DO GOVERNO QUE CONSENTE E EXECUTIVOS DE PROFESSORES QUE VIRAM COSTAS, VENHA O DIABO E ESCOLHA!


Tenho a plena consciência que levei uma vida profissional a defender os professores e uma vida a combater os sucessivos estados de letargia no sistema educativo. Continuo nesse rumo, mas não me calo perante os sinais de injustiça e a manifesta indiferença. Por isso retorno à Escola do Curral, ao Dr. Joaquim José Sousa e ao processo que este secretário da Educação lhe moveu. Li, com avidez mas contextualizando e decifrando, a entrevista que o professor concedeu, hoje, ao Diário de Notícias. Os factos foram ali escarrapachados, tim-tim-por-tim-tim, com passagens de quem se sente vítima de uma perseguição suja e doentia que abala o equilíbrio, até, no plano familiar. 

Desde logo emergem dois aspectos que ressaltam nesta oportuna entrevista: primeiro, que não se trata de incumprimentos de natureza burocrática, mas de uma lamentável e grotesca perseguição a um professor. Retiro da entrevista: "(...) basta verificar o processo de extinção, enviam-nos o documento para realizarmos as eleições, as mesmas são realizadas, ganhámos e, 24 horas depois, a escola é extinta, sem qualquer comunicação com a direção ou com a comunidade educativa, em total desrespeito pela autonomia da escola, pela democracia, pelos eleitores e pelos eleitos. Isto, depois de uma reunião, em Maio, em que foi dito que até 2025/2026 a escola era viável"; o segundo aspecto tem uma natureza de pendor pessoal: 

"(...) o processo está como a secretaria regional da Educação quer que esteja, está a destruir-me e à minha família (...)" e complementa: "(...) todo o processo, da maneira como foi instaurado e conduzido, pela discriminação e pela perseguição que representa, é desprestigiante para a educação, para a região e para o país. Tendo como cereja no topo do bolo a proteção a alguém que é co-responsável pelos atos e que, premeditadamente, adultera, acusa, engana, que mente e que é premiada pela secretaria regional da Educação".


A longa história que a edição do DN publica levanta-me ainda, dois outros aspectos complementares: primeiro, o silêncio do presidente do governo regional, jurista de profissão, que olha para isto como se nada tivesse a ver com o que se está a passar. Das duas, uma: ou não tem mão nos seus secretários, ou existem aqui indecifráveis cumplicidades e medos que conduzem a este lavar de mãos. O segundo aspecto tem uma outra natureza. Todos somos diferentes, pelo que, diferentes são, também, os princípios e os valores que conduzem na vida uns e outros. Eu, por exemplo, nunca, repito, nunca, aceitei em benefício próprio, uma situação que soubesse estar a desagradar ou a pôr em causa outrem. É, por isso, que não entendo como é que a solidariedade entre colegas parece extinta. Não dei conta que uma única direcção de escola da Região, neste e em outros casos, tenha vindo a público solidarizar-se e demonstrar repúdio pela maquiavélica engrenagem de perseguição a uma escola, a um director e a uma comunidade educativa. Sepulcral silêncio. Mais ainda. Questiono-me, como é que a direcção da escola de S. António, no Funchal, "sem tugir nem mugir" aceitou a anexação da escola do Curral das Freiras, conhecendo todo este obscuro processo. Falo por mim: confrontado com essa situação, colocaria o meu lugar à disposição. Daria 24 horas para me substituírem. Simplesmente porque, muito acima de qualquer interesse, medo foi coisa que nunca tive e a palavra SOLIDARIEDADE sempre teve para mim particular significado.
Ilustração: Google Imagens.

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