segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Ocultar o grito dos/as professores/as


Por Laíz Vieira
Cartas do Leitor
DNotícias
04 Nov. 2019 


Mais de 70% dos professores e professoras sofre de exaustão emocional, uma das três características de ‘Burnout’, revelou Raquel Varela num estudo recente feito em Portugal.


Muitos de nós na nossa comunidade, ainda não sabem ou não querem saber, em que condições humilhantes a maioria dos/as professores/as tenta trabalhar nas escolas. Tentam trabalhar, com alunos/as de famílias problemáticas, sem motivação para aprender/evoluir, sem respeito pelos colegas ou pelos mais velhos, sem atitudes cívicas de convivialidade ou gentileza, onde o que impera são as satisfações imediatas ou de alienação, como usar o telemóvel...
Principalmente os que tem por volta de trinta ou mais anos de serviço, estão no limite das suas descrenças e capacidades. Faltas ao trabalho ou baixas médicas são sintomas que ninguém quer assumir como um pedido de socorro.

Não nos ouvimos uns aos outros. Alguns Órgãos de Gestão não ouvem nem protegem os seus docentes e funcionários. O importante é fazer obedecer e subjugar. Não há verdadeira equidade, participação e consequência democrática nas posições que só alguns tomam.

Não há efetivamente consequências, penalizações para quem desrespeita, agride ou insulta. Nem nas escolas nem na esfera da vida doméstica ou pública. Os/as alunos/as tem mais poder que os adultos!
Aos docentes tudo se lhes pede, desde as centenas de grelhas burocráticas (de pouco conteúdo ou consequência didática) a encontrar estratégias e receitas milagrosas para jovens desacompanhados pelos progenitores, sem estímulos culturais, emocionalmente imaturos, mimados e demasiado protegidos das dificuldades diárias da Vida.
Flexibilidade curricular, inclusão, desenvolvimento de competências para o perfil do aluno à saida da escolaridade?!.. Novas nomenclaturas e modismos para problemas e demagogias ou falácias antigas! Saiu-se de uma ditadura para entrar em outra, floreada de palavras cor-de-rosa.
A escolaridade é obrigatória por decreto, mas o saber, a evolução e o conhecimento não é uma exigência enraizada para os seus, nas famílias portuguesas! Só interessa os caminhos e soluções ‘aparentemente’ mais fáceis, o lucro e a ostentação. O valor da determinação, da coragem, do carácter, da auto-responsabilização e exigência não existe.

Também é verdade, que os/as alunos/as passam muito tempo na escola, com muita carga lectiva e tem pouco tempo para o lazer, para passear e socializar. Fecham-se dentro das casas e pouco se relacionam com a Natureza, com as circunstâncias sociais ou leis e dificuldades naturais da existência.

É preciso dar um BASTA a estas circunstâncias que de educativas e evolutivas têm muito pouco! É urgente e vital que os/as professores/as ou educadores/as possam ir para o seu lugar de trabalho com alegria e leveza fazer realmente o que lhes compete que é ajudar os jovens a evoluir, a se emanciparem e não irem com o sentimento depressivo de pesar e impotência. É grave, permitir que alguns jovens estejam na escola só de ‘corpo presente’, a passar por vários anos lectivos sem desenvolver competências, atitudes e conhecimentos que a Vida (a grande Mestra) de certeza lhes vai exigir.
Os jovens que agora estão na escola, são filhos daqueles que num passado recente, também estiveram na escola, mas não fizeram a maturação e evolução pretendida! Afinal quando se faz a mudança, quando deixam de se repetir ciclos antigos?!
O Estado Português gasta anualmente mais de 6.000 euros por cada aluno/a que frequenta o ensino público. Há mais de 8000 jovens em acolhimento residencial em Portugal, ou seja jovens retirados de famílias negligentes e tantos outros milhares assinalados pelas impotentes Comissões de Protecção de Crianças e Jovens.
E para finalizar para quando, a aprovação de uma Lei Regional, para o limite de mandatos, (no máximo dois) para os que estão (há demasiado tempo) nos Órgãos de Gestão das Escolas?!
Ilustração: Google Imagens.

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