domingo, 5 de setembro de 2021

Pedagogia Waldorf. Crescer sem pressa, tal como se é


Os planos não são fechados, nem estanques, nem formatados. Estimula-se o ato de brincar, a livre descoberta, a imaginação. Nas salas de aula, é possível amassar pão, modelar a cera das abelhas, costurar tecidos coloridos, usar materiais naturais como conchas da praia, troncos de madeira, cortiça. Há todo um processo de desenvolvimento neste percurso formativo que reúne as vertentes científica, artística, estética.




A pedagogia Waldorf foi fundada há mais de um século, em 1919, em Estugarda, Alemanha, por Rudolf Steiner, filósofo, educador, artista. Um pensador que defendia que “o nosso mais elevado objetivo deve ser a promoção do desenvolvimento de seres humanos livres, aptos a dar por si próprios sentido e direção às suas vidas”. Tudo começou numa escola para os filhos dos operários da fábrica de cigarros Waldorf-Astória com ideais e métodos pouco comuns na época, ainda hoje considerados alternativos.

A criança é um ser único, as experiências sensoriais nos primeiros anos de vida são essenciais, não se contraria a vitalidade dos mais novos, a criatividade e a imaginação são importantes, respira-se natureza. Mais de 700 escolas espalhadas pelo mundo seguem este método pedagógico até à entrada no ensino universitário.

Os sentidos e a liberdade, a ligação constante ao meio natural, a alegria de viver e a curiosidade são pilares deste método que chegou ao nosso país em 1984. Nos primeiros anos de vida, é o desenvolvimento motor e sensorial da criança que importa, não tanto os aspetos intelectuais e cognitivos. Brincar, expressar, criar, descobrir, sem seguir planos traçados nas agendas feitas por adultos. O ambiente educativo é construído para crescer sem amarras e sem pressas.

Cada criança é um ser único, com a sua própria bagagem, que dá e recebe, que aprende e ensina nessa descoberta do mundo, num crescimento livre e em harmonia com a natureza. Com tempo e espaço para aprender. É um método que se preocupa com a alimentação e com o consumismo, que investe numa maior e permanente ligação à natureza.

Criatividade, responsabilidade, independência. Não há avaliação com números, há um relatório feito por todos os professores no final do ano, valoriza-se o empenho, destaca-se o esforço. Não há chumbos, há várias fases de desenvolvimento naturais e salutares, e espera-se entreajuda na turma. Aprendem-se duas línguas desde o primeiro ano, segue-se o currículo Waldorf com as disciplinas habituais do ensino convencional, há disciplinas individuais, os livros dos primeiros anos são feitos pelos alunos, os temas tornam-se mais complexos no secundário. A essência nunca se perde para desabrochar competências inatas únicas nessa caminhada da educação, da descoberta de cada um e do mundo.

A autoconsciência, a flexibilidade cognitiva, o espírito crítico, a capacidade para preservar a própria identidade. Todas estas componentes interessam no percurso desta pedagogia que cultiva competências para aprendizagens contínuas ao longo da vida. E os pais são sempre peças fundamentais neste caminho.

Forest Schools

Ensinar e aprender não são processos com um sentido único. Há mais métodos alternativos além da pedagogia Waldorf. Em meados do século passado, na Escandinávia, surgiu o conceito Forest School. São escolas na floresta e Portugal tem alguns exemplos. Aprender em contacto constante com a natureza, não em salas fechadas, valorizando-se o ambiente natural para que as crianças corram riscos, desenvolvam atitudes positivas para que, no futuro, sejam adultos confiantes, ativos, independentes.

Corre-se, brinca-se, sobe-se às árvores, escavam-se buracos na terra, enchem-se os pulmões de ar puro. Respeita-se a individualidade, exploram-se as componentes sociais, emocionais e físicas. As atividades são planeadas em conjunto com os mais pequenos num trajeto que coloca na linha da frente o pensamento criativo, as emoções, a comunicação, a resiliência.


Método Montessori

Itália foi o berço de outro modelo alternativo. O Método Montessori nasceu no início do século XX, depois de Maria Montessori, uma das primeiras mulheres a estudar Medicina em Itália, ter percebido que havia caminhos por desbravar. Dedicou-se à antropologia pedagógica, abriu uma escola nas redondezas de Roma adaptada às necessidades e curiosidades dos mais novos.

A criança é protagonista do seu caminho, escolhe os temas que lhe interessam, decide o tempo que quer dedicar a cada assunto, as vezes que quer repetir cada atividade. E assim aprende e entende como pode enfrentar dificuldades e gerir frustrações. Os adultos acompanham as aprendizagens e interferem o mínimo possível, observam, estão atentos, preparam os ambientes. A criança está sempre no centro da sua própria aprendizagem.

Fonte: Educare

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