segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

O dramatismo dos números. Alguém deve explicá-los.

 

Acompanhei a síntese de duas intervenções directamente relacionadas com a política educativa na Madeira. Alguém tem o dever político de explicar os números que foram apresentados nos últimos dias que, aliás, já eram do conhecimento público através das estatísticas. Valores que, devidamente analisados, arrepiam depois de 48 anos de Abril de 1974 e 46 de governo autónomo, sempre com a mesma cor política, à excepção dos últimos três anos onde o PSD governa em coligação com o CDS. A Madeira vai pagar muito cara a situação que a seguir descrevo.



"10% de abandono escolar precoce", o que significa que em cada 100 alunos dez ficam para trás; "somos a região com maior índice de risco de pobreza e exclusão social" (32,9%), o que significa que um em cada três madeirenses é pobre ou vive em significativa dificuldade; "os últimos Censos demonstraram que 49,7% dos madeirenses têm o ensino básico e 15,3% não têm equivalência a qualquer grau de ensino", o que significa que o sistema educativo é ele próprio um travão à criatividade, inovação e competitividade - dados assumidos pela Doutora Luísa Paolinelli. Por outro lado, o Dr. Rui Caetano sublinhou que 53% da população activa tem apenas o ensino básico e 46% dos desempregados têm menos do que o 9º ano (...) 10.500 jovens entre os 16 e 34 anos não trabalham nem estudam".

Um panorama desolador e extremamente preocupante. Por este caminho não há futuro para milhares de madeirenses, a não ser continuarem no círculo vicioso de um sistema educativo que eterniza a pobreza. Depois, os que se "safam" colocam os olhos para além da Ponta de S. Lourenço. Ficar por aqui, confinado ao espaço regional, obviamente que não é solução para uma grande parte.

É isto que acontece quando os governos são apenas de "gestão do negócio corrente", quando não dispõem de uma política educativa responsável e portadora de futuro, de uma política social de rigor e transparente e de uma política económica motivadora e capaz de fixar quadros. Entreter-se com discursos sobre "taxinhas marteladas em gabinetes" - basta ler Como Mentir com a Estatística, de Darrell Huff - entreter-se com elogios pouco sérios aos professores e com questões de pormenor dando a entender que a Madeira é um exemplo para o país e talvez para o mundo, fazer ouvidos de mercador às propostas sindicais, não escutar os investigadores, entreter-se com o "inimigo externo", com os ditos malvados que não deixam que a a Região avance (!), acaba por conduzir àqueles números, quando as soluções estão cá dentro, dentro da Autonomia e não têm sido salvaguardadas. Isto preocupa!

Do meu ponto de vista, só há um caminho: alterar, radicalmente, a política educativa, impregnada que está de muito folclore e pouca visão do futuro.

Nota 1
Elementos constantes na página Dnotícias - 27.02.2022, a propósito de uma conferência realizada sob a égide do Partido Socialista Madeira.

Nota 2
O livro da minha autoria: "A ESCOLA É UMA SECA" está disponível:

Livraria Esperança - Funchal
Ou através dos sites:

Sem comentários:

Enviar um comentário