quinta-feira, 8 de setembro de 2022

O folclore - "Repisa rapaz, repisa e torna a repisar..."

 

"Folclore" foi como o secretário da Educação do governo da Madeira caracterizou uma manifestação, no essencial, de chamada de atenção para os problemas, alguns muito graves, apontados pelo Sindicato de Professores da Madeira. Eu que liderei, durante dois mandatos, a mesa da assembleia geral de professores do SPM, fiquei estupefacto com aquela forma de caracterizar o importante trabalho de alerta e tentativa de correcção dos processos que aos professores dizem respeito. Participei em inúmeras reuniões de professores e nunca me apercebi de qualquer ausência de bom senso na análise dos temas em debate. Os professores sempre partiram do pressuposto que numa negociação todos perdem. Perde-se para que todos possam ganhar alguma coisa.



A resposta veio célere, educada e apropriada, através do Coordenador do Sindicato, Dr. Francisco Salgueiro Oliveira: "O folclore não vem da parte do sindicato nem dos professores. O sindicato denuncia aquilo que encontra nas escolas. O folclore fá-lo-á quem não reconhece a realidade das escolas e, para nós, não nos espanta que isso aconteça. A música que encontramos nas escolas é uma música que está claramente dita por esses colegas que rejeitam colocação na Madeira. É uma música que não é agradável (...)".

Transcrevo de um site (meusdicionários): "folclore é um termo proveniente do inglês, com a junção das palavras folk, cujo significado é povo, e lore, que tem o significado de conhecimento, de saber. A palavra foi usada pela primeira vez pelo arqueólogo William John Thomas, em 1846. Assim, entende-se como folclore o conjunto de tradições e manifestações populares, com todas as lendas, mitos, danças, costumes e provérbios de um povo, passadas oralmente de geração em geração". 

Em aproximação, parafraseando, eu diria que o saber do povo, leia-se professores, porque entendem que há que acabar com os mitos e as lendas passadas ao longo das últimas décadas por uma certa casta de políticos, decidiram, uma vez mais, juntar-se para alertar para os erros que o tal "folclore" apresenta no quadro de uma escola portadora de futuro. Erros estruturais de concepção e de atitudes que os tem levado, serenamente, mas contrariados, a dançar ao ritmo desajeitado do chefe (diferente de líder). Tenho por assumido que eles estão fartos de dançar o "baile pesado", curvados e com o nariz quase colado aos joelhos. Portanto, se há "folclore" na Educação, diz o Dr. Francisco Oliveira, não é da parte dos professores, tampouco de quem os representa, mas de quem tem tido a responsabilidade de conduzir o sistema educativo regional autónomo. É o que nos diz o "baile pesado" uma das quadras dita: "Repisa rapaz, repisa e torna a repisar (...)". O que corresponde a uma manifestação de desconsideração pelos professores.

Ademais e, finalmente, pergunto, quais são as linhas programáticas conhecidas, susceptíveis de uma mudança para uma escola de resposta às exigências do século que estamos a viver? Oficialmente, não existe. 

Ilustração: Google Imagens.

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