Nota prévia
PISA tal como os ranking's das escolas constituem "avaliações" às quais não concedo valor no quadro de uma análise séria e sustentada. Mas a verdade é que dão jeito, para alguns, claro, sempre que se agarram aos números para uma descarada propaganda política.
Posto isto, sucintamente, porque este assunto dá pano para mangas, deixo aqui o paradoxo entre a divulgação de alguns dados enunciados pelo secretário regional da Educação, relativamente aos testes PISA (2022), publicados na edição de hoje do Dnotícias, e os resultados apurados nos ranking's dos exames nacionais de 2022.
Ora bem, hoje, o político, no apuramento PISA, tece loas à qualidade dos estudantes madeirenses na literacia de leitura, matemática e ciências, colocando-os praticamente a par da Finlândia, Suécia, Dinamarca, Alemanha, França e, destacadamente, à frente dos resultados de Portugal Continental. Comparativamente (Dnotícias, segundo a secretária regional da Educação) eis os resultados enunciados:
Literacia de Leitura
1º Finlândia 490
Madeira 487
Continente 477
Literacia Científica
1º Finlândia 511
Madeira 492
Continente 484
Literacia Matemática
1º Dinamarca 489
Madeira 474
Continente 472
No mesmo ano (2022) realizaram-se os exames dos Ensinos Básico e Secundário. Dos resultados divulgados pelo Ministério da Educação verificou-se o seguinte:
Básico
Entre as 1181 escolas portuguesas foram as seguintes as posições dos estabelecimentos da Madeira: 25º lugar/59/222/275/419/486/493/500/501/580/664/690/733/745/
808/863/868/883/917/945/964/1050/1082/1112/1125/1143º.
Secundário
Entre 646 escolas portuguesas, eis as posições dos estabelecimentos da Madeira:
143º lugar/210/279/285/314/434/477/497/508/541/544/553/617º.
A primeira escola registou uma média de 16,16 valores; as da Madeira, entre 12,10 e 9,25 valores.
Seria suposto que se verificasse a existência de uma convergência média entre os ranking's das escolas e os testes PISA. Se a Madeira está no topo dos resultados PISA, parece-me óbvio que os resultados apurados nos exames nacionais do Básico e do Secundário, na generalidade, reflectissem essa pressuposta qualidade de topo. Mas não é isso que se constata. Tomara que fosse realidade. E o próprio secretário, em "declarações" ao Dnotícias, "felicitou não apenas os participantes nos testes, mas todos (...)" os alunos da Região, o que significa que a qualidade é transversal a partir dos 15 anos de idade.
Portanto, existem pinceladas de fraude no discurso político. Os resultados PISA, até prova em contrário, só se justificam, porque o carácter aleatório dos que submeteram aos testes NÃO foi respeitado. São os "melhores alunos" os designados para os realizarem? É uma hipótese a esclarecer. Porque "não dá a bota com a perdigota".
Seja como for, continuo na esteira do Doutor Pablo Gentili: "Os testes PISA são um concurso de beleza da Pedagogia". Não é sério e dá azo a que a propaganda política mascare a realidade.
Ilustração: Google Imagens
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