quarta-feira, 15 de março de 2017

INCOERÊNCIAS OU TALVEZ NÃO?


Segundo o DN-Madeira, o Presidente do Governo alertou ontem para o facto da maior parte dos alunos, no futuro, virem a ter profissões que "ainda não existem". Nada de novo. Tofller, em 1984, há 33 anos, escreveu: "vive-se uma época explosiva. (...) Velhas maneiras de pensar, velhas fórmulas, velhos dogmas, velhas ideologias, por muito queridos ou úteis que tenham sido no passado, já não se coadunam com os factos. (...) Não podemos meter à força o mundo embrionário de amanhã, nos cubículos convencionais de ontem". Pois, senhor presidente, importantes não são as palavras de circunstância, absolutamente óbvias, mas saber responder a esta pergunta: como preparar para o futuro se o sistema educativo mantém os traços essenciais do Século XIX? Se esta Escola é sempre igual, a escola do toca-entra-toca-sai, apesar de algumas tentativas de pintá-la de fresco, como pode o sistema, hierarquizado, centralizador e burocrático, competir com uma vida sempre diferente, já não digo a de amanhã, mas a de hoje? Haja coerência.


Mais, ainda. Por estes dias terá lugar um seminário sobre as "Salas de aula do futuro". Iniciativa interessante para agitar consciências adormecidas por anos a fio de rotinas. Um tema que tem barbas (em vários pontos do país existem experiências de sucesso, para não falar por esse mundo fora - visitei algumas), mas que constitui uma oportunidade para colocar em causa as bases em que assenta o sistema educativo, na esfera organizacional, curricular, programática e pedagógica. Aqui também se coloca uma pergunta tão simples: estando previstos dois novos espaços escolares, na Ribeira Brava e no Porto Santo, que preocupações existiram no sentido de projectos determinados pelas exigências do presente e do futuro? Haja coerência, porque não basta dizer umas frases feitas!
Deixo aqui um breve texto publicado, no DN-Lisboa, em Fevereiro de 2016: "Não temos de estar sentados a olhar para uma pessoa a falar durante 45 minutos. Estamos à procura das coisas e aprendemos por nós", explica Tomás, um dos alunos do 8.º C da Secundária D. Manuel Martins. Ora é precisamente essa sensação de tédio que o professor Carlos Cunha quis combater quando decidiu importar no início do ano letivo 2014/2015 a SAF do original belga, produzido pela European Schoolnet. Aqui, o método para levar os alunos a aprender baseia-se na pesquisa de informação e apresentação de trabalhos em várias áreas, a partir de perguntas iniciais, e em que o papel central pertence aos jovens (...)"
Ilustração: Google Imagens.

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