quarta-feira, 12 de setembro de 2018

OH SENHOR SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO LEIA A REVISTA "VISÃO" ANTES DE FALAR


É caso para dizer que existe falta de "visão" para o sistema educativo. Li a mensagem do secretário regional da Educação, publicada na edição de hoje do DN-Madeira. Fala de "sonhos dos alunos", de "notáveis índices de desenvolvimento educativo" e que "a fórmula de sucesso do nosso sistema educativo resulta do compromisso entre famílias, alunos e professores, apontado no sentido da mais ampla literacia da juventude e das populações". Sinceramente, tudo muito oco, muito vazio, simultaneamente, muito preocupante. Porque são apenas palavras sem conteúdo sério. Ainda ontem aqui escrevi um longo texto sobre o que nos trouxe a revista Visão. Isto é, o novo olhar, absolutamente necessário, na (re)organização do sistema, na (re)organização dos estabelecimentos de aprendizagem, no paradigma pedagógico e, sobre isto, nem uma palavra. O que significa que o disco e a melodia de sempre vai continuar a tocar. Rotina, enervante. 

Fala de "sonhos dos alunos". Ora, explique de que sonhos fala quando a Região apresenta índices de insucesso e de abandono verdadeiramente preocupantes? Não sou eu que o digo, são as estatísticas. Fala de "notáveis índices de desenvolvimento educativo". Sendo o desenvolvimento equivalente à qualidade do sistema, como se pode disso falar quando existe uma total discrepância com aquilo que hoje é comummente aceite. Uma vez mais tenho presente as catorze páginas da revista Visão. Leia-as. Mais. Como se pode apregoar "a mais ampla literacia da juventude e das populações" quando tudo o que está para trás, alicerçado nos vários indicadores, confirmam exactamente o contrário. "Literacia", hoje, é muito mais que saber ler e escrever. A não ser que o governante se dê por satisfeito na capacidade de leitura e de escrita! Pessoalmente estou mais preocupado com as "literacias".
Melhor seria que o secretário se mantivesse discreto e não publicasse tal texto. Porque a factualidade demonstra uma ausência de sentido de responsabilidade política, confirmada pela manutenção das históricas e medíocres linhas orientadoras que só estão a fazer perder tempo em relação ao futuro. Lamento que assim seja. Tal qual lamento toda a instabilidade no interior da secretaria que deveria ser analisada, politicamente, em todos os seus contornos. E se assim me posiciono é porque com a EDUCAÇÃO nenhum partido político deve brincar. Trata-se de um sector muito sério, porque dele depende o futuro colectivo.
Ilustração: Google Imagens.

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