domingo, 13 de novembro de 2022

TEDX

 

É preciso "deixar os jovens saírem da sua bolha e ver o mundo" foi uma das frases emblemáticas no recente "TEDX - Funchal". Assumiu-a o Dr. Francisco Dionísio, jovem médico, para quem é "no sonho" que os jovens encontrarão sentido para as suas vidas. Isso implica "partir e quebrar as amarras que os impedem de sonhar", disse. 



É mais um que veio a terreiro tocar na ferida profunda que sangra. Parabéns, Dr. Francisco Dionísio. Desde há muitos anos que esse é o problema central que os adultos políticos não querem escutar, tampouco mexer uma palha, para que a Escola deixe de ser formatadora para dar lugar a um espaço de aprendizagem compaginada com a vida, para que eles possam ver "mais alto e mais além". Tem razão quando sublinha ser necessário "ceder poder aos jovens". Entendo o que quis transmitir, isto é, não se trata de poder político-partidário, mas o poder de serem escutados e sobretudo verem respeitadas as suas opções. O drama é que esta Escola mata o sonho desde muito cedo, exigindo-lhes respostas certas na idade das perguntas. E quando se mata o sonho, mata-se a criatividade, a inovação e o interesse pelas experiências cheias de aprendizagem e vida. 

Ao contrário do que Toffler enalteceu, esta geração política continua a querer meter o futuro nos cubículos convencionais do passado. E, de falência em falência, mais tarde, qual paradoxo, pedem aos jovens iniciativas "fora da caixa", que sejam inovadores, que tenham ambição e até propõem-lhes formação para empreendedores. Matam o sonho e, depois, desejam uma geração de jovens responsáveis, de pensamento livre e capazes de agarrar todas as oportunidades que o mundo coloca à sua disposição.

Não é possível Dr. Francisco Dionísio, quando os políticos mentem, apenas desejam conservar o seu poderzito, brincam com as estatísticas jogando no campo da "verdade que engana", quando são incapazes de perceberem as razões de só 11% dos rapazes e 15% das raparigas assumirem gostar desta escola; quando existe uma debandada de professores fartos e cheios deste sistema que os inferniza com programas e burocracias (84% deseja aposentar-se); quando os empregadores querem pessoas que pensem e não pessoas com "músculos na cabeça"; quando são mantidas as traves-mestras de um sistema com 200 anos, quando, ainda hoje, prevalece a "aprendizagem" segmentada (por disciplinas) quando tudo está interligado, quando se trabalha para "ranking's" e não para o conhecimento, pergunto-lhe, se pode haver alguém capaz de "quebrar as amarras"?

De qualquer forma, volto a dar-lhe parabéns pela lucidez e pela esperança que mantém.

Ilustração: Dnotícias.

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