sexta-feira, 5 de abril de 2024

Os primeiros 80!

 

Trabalhámos juntos, na escola e na RTP-M. Tenho por ele uma enorme admiração e estima. Há dias remeteu-me uma mensagem convidando-me para os seus "primeiros 80 anos". No meio do contentamento por se ter lembrado de mim, soltei uma sonora gargalhada em função daquela frase cheia de humor: "primeiros 80 anos". São, de facto, os primeiros, o que significa que a vida tem de continuar. Completar os segundos oitenta, digo eu, só será possível num jogo prospectivo, de plena imaginação sobre o mundo que as próximas gerações podem esperar.



Aliás, o meu Amigo João Coutinho tem uma particularidade que o distingue dos demais: a sua capacidade para produzir humor com tudo o que o rodeia. Um dia, falávamos de um político indicado para secretário de qualquer coisa e ele, de chofre, meteu ali a sua veia satírica: será secretário de(o) estado a que isto chegou. Recordo-me de uma outra passada na escola. Um aluno, com um fraquíssimo resultado num teste, disse ao Coutinho: professor, errar é humano. Pois, eu sei, respondeu-lhe. Porém, acho que estás a ser humano demais!

São tantas as histórias bem humoradas. A par desta sua particularidade face à qual eu situo-me a milhas de distância, o Coutinho pautou a sua vida de docente pela alegria contagiante junto dos alunos e pela responsabilidade no seu mister. Duvido da existência de um aluno que alguma vez o tivesse olhado de esguelha. Sempre amou o que fez, o que constituiu um passaporte para a lembrança que muitas gerações têm da sua abertura à aprendizagem com rigor, mas respeitosa da identidade de cada um.

Na televisão foi simplesmente impecável a sua colaboração. Mas o Coutinho teve uma outra faceta que destaco. O andebol. O seu andebol, a sua dedicação tornada paixão. Sinto que está por fazer a homenagem que ele merece. Os primeiros, os que com mestria desbravaram, aqueles que, sem se colocarem em bicos de pés, abriram as portas possibilitando à modalidade aquilo que hoje é, merecem o meu respeito. O Pavilhão Gimnodesportivo do Funchal, inaugurado, salvo erro, em 1971, devia encimar o nome de João Coutinho. Merece-o.

Só uma nota final. A grandeza do Coutinho está nisto: ofertas pessoais, não. O que cada um pensa gastar (com os Amigos não se gasta, investe-se), será entregue em sobrescrito, depositado num saco para, posteriormente, ser entregue à Associação ACREDITAR - Apoio a crianças e jovens com cancro. Fantástico. 

Amigo, amanhã, lá estarei, às 13 horas, antes do "toque de feriado". Faço questão de te dar um abraço de uma longa amizade, aquele abraço que mesmo não convivendo diariamente, exprime o calor de anos de trabalho e de exemplar companheirismo. E "vamilhá" para os segundos oitenta!

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