sábado, 18 de fevereiro de 2017

GOVERNANTES, OIÇAM OS INVESTIGADORES!


Agradou-me, embora não trazendo nada de novo, ler a síntese da palestra proferida pelo Professor José Carlos Morgado, investigador no Instituto de Educação da Universidade do Minho, no âmbito do Ciclo de Conferências em Ciências da Educação, organizada pelo Centro de Investigação em Educação da Universidade da Madeira. Entre outros aspectos, chamou à atenção para a existência de um "currículo obeso para uma sociedade que se quer cada vez mais leve" (...) que "o currículo é o chão" e, portanto "a escola tem de adaptar-se a este conjunto de mudanças que obrigam a refazer o pensamento e a forma de estar na sociedade" (...) que há necessidade de "um currículo essencial" face ao que designou por "gorduras curriculares" e que a Escola tem de deixar "na mão dos professores aquilo que é essencial para que as crianças e jovens", até porque "muitas vezes os estudantes não conferem sentido, significado nem utilidade a muitas das aprendizagens que fazem". Totalmente de acordo. E vou mais longe...


Há muitos anos que defendo, julgo eu, de forma sustentada, a existência de um país com eventuais três sistemas educativos: Continental, Madeira e Açores. O respeito pela Autonomia assim o exige. Defendo que o currículo deve ser mínimo, os programas e a organização escolar e pedagógica da responsabilidade das escolas. Defendi esta "tese" em sede de Assembleia Legislativa da Madeira. Em síntese, não faz sentido, hoje mais que nunca, criar um fato igual para todos, quando há uma exigência de fatos personalizados, portanto, à medida de cada um. Tem faltado inteligência política e temos assistido à acomodação dos professores que não manifestam querer e crer na mudança. A própria sociedade, infelizmente, tem passado. indiferentemente, pelo padrão de aprendizagem que vem desde finais do século XVIII. O "modelo" cristalizou as consciências que deveriam assumir um outro olhar sobre as necessárias mudanças, tecnológicas e outras. Tem sido preferível e, porventura, tem dado jeito no plano político, rejeitar um novo paradigma.
O problema, de resto muito grave, é que o Professor da Universidade do Minho veio aí agitar as consciências, falou das "gorduras" curriculares, porém, amanhã, tudo continuará igual. Os "alunos" políticos e outros, incapazes de escutarem, pensarem e agirem em conformidade, paradoxalmente, aplaudem, mas continuam a preferir a rotina à mudança. Há muito que é assim... ou, melhor, sempre foi assim. É difícil entender este comportamento, porém, é a lógica estrutural do sistema que tem esmagado qualquer posicionamento científico.
Ilustração: Google Imagens. 

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