quarta-feira, 17 de maio de 2017

POLÍTICA EDUCATIVA - A OCDE A QUEM PRETENDE ENGANAR?


As considerações que a OCDE tem vindo a fazer sobre a política educativa portuguesa deixam a "pulga atrás da orelha". Tanto elogia os resultados nas disciplinas de Português e Matemática, como logo a seguir, salientou o último visitante Schleicher, responsável na OCDE, que no "(...) século XXI o sistema escolar tradicional, os professores estão na sala de aula com uma série de prescrições sobre o que devem ensinar. Os professores e as escolas do futuro têm de olhar para fora e colaborar com os outros docentes e com outras escolas" (...) "O passado centra-se na divisão: temos professores e conteúdos divididos por disciplinas e estudantes separados por áreas. E o passado é também isolamento: as escolas foram concebidas para deixar o resto do mundo lá fora. Já o futuro precisa de integração e de ligação com o mundo real". Ora, como podem, sistematicamente, falar da escola portuguesa como um exemplo a replicar em muitos países, quando as bases do sistema português assentam nos mesmos princípios orientadores há dezenas de anos? Dizem os brasileiros... "engana-me que eu gosto!"


Mais, ainda, do recente encontro em Leiria, foram os próprios estudantes, cansados da situação que vivem, que acabaram por convergir no retrato da escola: "querem ter, mais aulas práticas, mais debates, mais trabalhos de grupo, mais visitas de estudo, possibilidade no secundário de poderem escolher disciplinas em vez de áreas compartimentadas, mais arte, mais cidadania, maior ligação à prática, mais espírito crítico, turmas mais pequenas, professores motivados e que não desistam dos alunos" - Público.
De onde se deduz que, por enquanto, nós não somos exemplo para nada. Se os resultados melhoraram nas disciplinas de Português e de Matemática, não foi por uma questão de mudança de paradigma organizacional, curricular e programático, mas à custa de uma sobrecarga horária nessas disciplinas, ao jeito de, ou entra a bem ou entra a mal! Aliás, nada que seja novo, pois há muitos e muitos anos tantos investigadores chegaram a esta conclusão.
Ilustração: Google Imagens.

Sem comentários:

Enviar um comentário