terça-feira, 13 de junho de 2017

AFERIÇÃO DE QUÊ? AFERIÇÃO A UM PROCESSO QUE ESTÁ ERRADO?


A pergunta é esta: para que servem as provas de aferição de conhecimentos? No quadro do actual sistema, nem contam para o nível a atribuir ao aluno. Se não produzem qualquer efeito na reflexão programática ou no plano pedagógico, então, repito, para que servem? Depois, aferir o quê? Um sistema que está errado e que até o Ministério está a tentar reconverter? Não tem sentido. Portanto, das duas, uma: ou servem para "aferir" o trabalho dos professores ou, então, como fase política transitória que tende a amenizar qualquer contestação de pessoas menos esclarecidas. Não vislumbro outras razões.


Pura perda de tempo. Pior, ainda, submeter os alunos a provas de aferição corresponde à manutenção de um sistema que perverte a verdadeira aprendizagem. O acto repetitivo da pergunta que exige a resposta que se encontra algures no manual, nada acrescenta à aprendizagem. Nunca acrescentou. A aprendizagem tem de ser contextualizada, vivida e cruzada, globalmente, entre as múltiplas áreas do conhecimento. Porque lá virá o tempo da especialização, o qual, obviamente, não é este. Hoje, os aferidos, estão em uma idade de eles próprios questionarem e de procurarem respostas. Não estão no tempo de darem as respostas exigidas pelos adultos. A isso chama-se coarctar o pensamento baseado na dúvida, restringir as crianças a um inconsequente papaguear enciclopédico. O desenvolvimento infantil assenta em um enorme lastro (alicerce) que deve servir de suporte aos pilares do conhecimento superior, quer no âmbito da motricidade quer no do domínio embrionário das ciências.
O que é que as crianças ganham com todo o cerimonial feito de silêncio, de controlo à entrada da sala do "exame" disfarçado, com o cartão de cidadão em punho, de meticuloso preenchimento do cabeçalho da folha de prova, com todo o nervosismo que tal enquadramento suscita, com espaços medidos para que não copiem, com vigilantes junto ao quadro preto com olhos de coruja, com o deslocamento de crianças para outros zonas das infra-estruturas para que o silêncio seja de imaculada pureza, pergunto, para quê? O que é que isto resolve no plano da aprendizagem? E os adultos, governantes e professores, porque por isso passaram, talvez considerem que é deles a hora de fazerem aquilo que em outro tempo não gostaram que lhes tivessem feito. Pura perda de tempo. Para que serviram e para que servem estas aferições?
Ilustração: Google Imagens.  

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