segunda-feira, 5 de junho de 2017

POR FAVOR, APLIQUEM ALGUMA COISITA!


Já perdi a conta a tanta iniciativa. São seminários, encontros, jornadas, eu sei lá, todos os meses centenas de professores respondem às diversas iniciativas, todas no quadro de uma putativa formação. Há dias aconteceu mais uma. Encontros que registam a presença de nomes "sonantes" que transmitem conhecimentos para reflectir, porém, no dia seguinte, nas semanas, meses e anos seguintes, tudo continua igual. Como se nada tivessem escutado. Cumpre-se o curtíssimo ciclo: nasce e morre ali. Não cresce, não vive e, já agora, não se multiplica. De facto está a perpassar a ideia de estarmos a assistir a uma espécie de competição para ver quem mais e melhor organiza. Quem traz para figura de cartaz o nome mais publicitado. Cumprido o "calendário" volta tudo à estaca zero.

A Escola já não deve funcionar assim! Uns falam e outros escutam.
Na verdadeira Escola "todos ensinam e todos aprendem"....

Assisti, por exemplo, em Fevereiro de 2015, a uma importante iniciativa cujo conferencista foi o Professor José Pacheco. Com o anfiteatro a abarrotar, o Professor discorreu pensamento durante três horas. Feito o diagnóstico do sistema educativo, sobreveio a experiência de mais de 40 anos intensamente vividos e actualizados. De resto, com resultados. Foi aplaudido de pé, pela sensibilidade e coerência dos argumentos. José Pacheco "refugiou-se" no Brasil onde é acarinhado e distinguido. Por cá, passados dois anos, curiosamente, na mesma escola, no mesmo anfiteatro, no mesmo palco, foi anunciada uma iniciativa da responsabilidade da Associação Nacional de Professores. Não li qualquer reportagem sobre o evento mas presumo que, certamente, foi realizada com êxito. Porém, em Setembro, a escola, todas as escolas, reabrirão para mais um ano lectivo e tudo continuará exactamente igual. Pergunta-se, então, para quê tantas iniciativas sem que delas resultem qualquer coisa diferente? Uma janela de esperança, uma frestazinha por onde passe uma aragem de inovação!
E já que falo de uma janela de esperança, deixo-vos com um excerto de um texto que li recentemente. A páginas tantas interroga-se George Monbiot, colunista no "The Guardian", em um artigo intitulado "Na idade dos robôs, as escolas estão a formar as crianças para se tornarem redundantes". Escreveu o colunista: "Enquanto adultos, somos bem-sucedidos através da colaboração com outros. Então, porque é que se considera que uma ajuda entre colegas num teste ou exame é batota?" De facto, como li nesse trabalho de Bernardo Mendonça e Isabel Leiria, "que sentido faz as escolas continuarem a ensinar alunos como se fossem máquinas de armazenar e debitar conhecimentos?" No mínimo, dá para pensar!
Por favor, apliquem alguma coisita. 
Ilustração: Google Imagens.

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