segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

"E nós, teimosos, insistimos em mais do mesmo"


"Há dias, numa reunião na escola de dois dos meus filhos, vivenciei um verdadeiro regresso ao passado. Sentada numa sala de aulas, de uma escola onde fui aluna, há mais de trinta anos, não consegui detectar uma única diferença material naquela sala. Impressionante. Como o tempo (ali) parou. 


Vou poupar-vos à descrição do que mudou à nossa volta em 30 anos. deixo-vos, apenas algumas palavras: internet, redes (sociais e não só), inteligência artificial, blockchain. E nós, teimosos, insistimos em mais do mesmo. Insistimos em ensinar como aprendemos. Os recursos, hoje, são abissalmente diferentes. As crianças são abissalmente diferentes. Os conhecimentos neurológicos sob a forma como aprendemos, trouxeram-nos dicas que devem ser postas em prática. E nós teimosos insistimos em mais do mesmo. Insistimos em ensinar como aprendemos. (...) Assumo que não nutro qualquer crença no sistema educativo atual (...) novas ideias precisam-se (...) novas capacidades precisam-se (...) sabemos que a evolução faz-se de mudança e reconstrução (...)" - Fonte: Revista do DN-Madeira/Domingo - 27 de Janeiro..

A autora destes excertos que aqui reproduzo chama-se Sara Reis Gomes, julgo que é Bióloga e fotografa - Would You Mum. A fisionomia desta Senhora não me é estranha. Tenho a impressão que foi minha aluna, no "século passado" (!), numa escola que fechou, exactamente, por ter a pretensão de ser diferente. Se foi, ainda mais feliz estou, apenas tenho que me desculpar de a não a reconhecer. As feições mudam, obviamente. Mas isso pouco interessa. Importante é que esta mãe de quatro filhos, escreveu um texto, sentido e assertivo, que me escorreu garganta abaixo como mel. Nada melhor que uma mãe, um pai, alguém que regresse à escola e, globalmente, deite um olhar crítico em redor e que se questione. 
Tem toda a razão, o mundo avançou e a escola (o sistema) fechou-se nos seus muros. Rotineiramente, ela funciona como uma máquina, embora desgastada no tempo, com parafusos soltos, mas funciona, abrindo, qual fábrica, às oito da manhã e fechando ao final da tarde. Sabe, Sara, vou aqui repetir, pela enésima vez, uma frase de um meu ex-professor, dita há quase cinquenta anos: "como pode uma escola sempre igual competir com a vida que é sempre diferente? O desencontro é inevitável". É sobre esse desencontro que, cinquenta anos depois, a mãe Sara escreveu e MUITO BEM! Parabéns.

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