quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

TABLETS EM VEZ DE MANUAIS... A CONFUSÃO ESTÁ INSTALADA



FACTO

Na edição de Domingo último, o DN-Madeira apresentou uma peça que, em síntese, dizia o seguinte: "A partir do próximo ano lectivo, o governo regional vai começar a substituir os manuais escolares por tablets. O projecto prevê abranger, a LONGO PRAZO todos os alunos após o 1 ciclo do Ensino Básico".

COMENTÁRIO

As declarações do Senhor Secretário da Educação deixam qualquer pessoa preocupada, relativamente ao presente e ao futuro da escola. Um dos aspectos que constitui a trave-mestra de um discurso político é a COERÊNCIA. Quando o discurso demonstra desarmonia conceptual, gera desconfiança e essa é fatal. Exemplos: não se pode dizer que há a intenção de implementar o projecto no próximo ano lectivo e, logo a seguir, falar que tudo ainda está em "fase de ponderação"; não se pode falar de "nativos digitais que convivem desde muito cedo e diariamente com as tecnologias digitais" e, logo a seguir, demonstrar medo quando fala das "condições de utilização dos tablets pelos alunos", o que implica, assumiu, "a formação de professores e alunos para um uso proveitoso". Tudo isto complementado com a história "dos anos curriculares de introdução". Afinal, as crianças e jovens são ou não "nativos digitais"? E se são, qual a justificação para tanto pavor? Onde está a justificação para os alegados novos enquadramentos da aprendizagem, apenas começarem após o 1º ciclo do Ensino Básico?
Já aqui o disse que os netos são, para mim, o meu melhor laboratório. Carinhosamente, chamamos-lhes os nossos engenheiros! Eles é que nos ensinam. E quem tem filhos ou netos sabe que isto é verdade. Desenganem-se. O grande drama, dizia um investigador que, lamentavelmente, não me ocorre o nome, é "fazer calar os professores", deixar o manual, o conceito estático de aula e de programa. Ou será que querem utilizar a tecnologia mantendo a mesma lógica pedagógica de sala de aula? É que os tais "nativos" não vão gostar!

PERGUNTA

Não deveria o secretário e os seus mais próximos, empreenderem uma visita, não é necessário ir muito longe, mesmo a Portugal Continental, onde há experiências extremamente interessantes? Se tiverem paciência, podem ir um pouco mais distante, pela necessidade de aprender como se faz. Podem até realizar um "brainstorming" ou chamar líderes de processos com resultados de topo. Querem uma lista? 
Chego à conclusão que aquela página do DN-Madeira serviu para cumprir um número político, NÃO para se comprometer com o presente e com o futuro. Até porque o secretário fala de "longo prazo" para um assunto que deveria estar resolvido há vinte anos! Por isso, não levo a sério aquelas declarações.
Ilustração: Google Imagens.

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