quinta-feira, 4 de abril de 2019

RANKINGS DAS ESCOLAS - UMA ABERRAÇÃO SOCIAL E PEDAGÓGICA


FRANCISCO SIMÕES
Escultor
JM - 31/03/2019

É absolutamente incrível como não existe ninguém no Ministério da Educação que diga ao Ministro que os Rankings são um erro pedagógico.

É absolutamente inconcebível que não exista ninguém no Governo que diga ao Primeiro Ministro que os Rankings das Escolas são um terrível erro social.
Francisco SimõesÉ absolutamente inacreditável que não exista na Assembleia da República um só deputado que diga ao Governo que os Rankings das Escolas são um erro político.
Todos parecem aplaudir esta competição reles e vil, todos parecem regozijar-se com as escolas que ficam nos lugares do pódio.
Poucos ou quase ninguém se preocupam com as escolas que ficam mal classificadas, ou mesmo, nos últimos lugares do Ranking.
Porque se criaram os Rankings? Para se diminuir e humilhar as escolas públicas e publicitar e promover o ensino particular contra o qual, devo dizer, não tenho nenhuma adversidade.
A realidade demonstra-nos várias realidades:
Primeira realidade – Quem vai para o ensino particular são os filhos de pessoas com bom nível de vida e, eventualmente, bons conhecimentos literários.
Os estabelecimentos de ensino particular, podem seleccionar, rejeitar, um aluno, se este for menos dotado, logo aqui, começa uma selecção elitista profundamente injusta;
Segunda realidade – As escolas públicas ou privadas dos grande centros urbanos têm uma frequência de alunos provenientes de classes sociais, no mínimo, instruídas e com acesso a bibliotecas, museus e outros locais de culto intelectual e/ou artístico;
Terceira realidade – As escolas públicas ou privadas existentes em zonas periféricas ou em regiões rurais, de forte isolamento, terão, eventualmente, alunos de classes sociais menos instruídas economicamente, mais carentes e onde quase sempre se verifica uma grande ausência de estruturas de cultura e de comunicação.
Então, achamos que estas realidades são comparáveis?
O nosso País é, na Europa, o que apresenta maiores desigualdades sociais e, pelo facto, não podemos deixar de responsabilizar os sucessivos governos e os sucessivos ministros da educação, que não se apercebem destas disparidades e destas desgraças sociais. Exige-se pois ao Ministro da Educação algum pudor pelo que provoca de humilhação às escolas, aos professores e aos alunos. Um governo e um ministro da educação que humilha milhares de famílias para poder demonstrar que “os dele” são os melhores, são os primeiros, são os sabichões.
Pudor, senhor Ministro da Educação, tenha pudor, vá para casa pensar, porque será que alguém que nunca deu aulas na vida e nunca teve na sua frente alunos para poder compreender as realidades socioculturais do país, porque será que é ministro?

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