sexta-feira, 17 de março de 2023

Lamento a onda de ausência de respeito e cortesia


Embora seja de uma outra época, o ser educado e cortês, continuo a defender que não tem época. Não deveria ter. Há princípios e valores que, pessoalmente, não abdico. Enquadro-me na nossa cultura e dispenso as atitudes que algumas modernices estão a alastrar como cogumelos. Ainda anteontem, segui uns breves comentários sobre a guerra. Convidados da Senhora jornalista Ana Sofia, de 38 anos (CNN), estavam o Senhor Major-General na reserva Carlos Branco e o Senhor Embaixador Jubilado Dr. Seixas da Costa. E a conversa desenrolou-se ao jeito de Carlos Branco (64 anos) o que pensa disto e qual é a sua opinião Seixas da Costa (75 anos).



A jovem jornalista, aliás tornou-se comum este tipo de tratamento perante os convidados, pareceu-me que teria andado na escola com aquelas duas figuras com um curriculum invejável. Figuras que têm quase o dobro da idade da jornalista. Logo a seguir dialogou com o Dr. Rogério Alves que, na qualidade de jurista, abordou um outro qualquer tema. Era Rogério para cá, Rogério para lá. Ora, mesmo que estes comentadores ali estejam na condição de "residentes", não perdem ou não deviam perder aquilo que são ou foram nas suas vidas.

Bem audível foi um outro Major-General que, há dias, convidado do jornalista José Alberto Carvalho, respondendo a uma sua questão, disse: "como o senhor Dr. sabe (...)". Com que objectivo, não sei. Apenas, escutei.

E isto está a tornar-se transversal na comunicação social. Por despeito, também não sei. Certo é que me parece existir uma progressiva degradação na cortesia e no respeito pelos outros. Ao ponto de hoje, descendo a escala, alguém telefonar e perguntar se a senhora Maria está? Aprendi que se deveria tratar, claro, quando se desconhece a formação académica de alguém, por Senhora D. Maria. E, a propósito, há que tempos não oiço, por exemplo, "o Senhor seu pai como está? Ou a Senhora sua mãe!

E depois vem "oh chefe o que vai ser?", ou "dona o que deseja?" Pessoalmente, já não ligo, o que é errado, sublinho. No caso do "chefe" creiam-me que me irrita. Normalmente respondo: "meu caro, eu não sou chefe de coisa alguma". E a conversa fica por aí. Ou, então, quando estou numa repartição e o meu interlocutor fixa-se no ecrã do computador deixando-me a falar sozinho. Aí, também, paro de falar e espero que me olhe nos olhos. Ou, então, a figurinha, pensando os outros distraídos, sorrateiramente, coloca-se numa posição que a leva a avançar na fila para qualquer coisa. Ou, então, o sujeito que passa por deficiente ou deixa o carrito a ocupar dois lugares. Ou, então, ainda, os que utilizam uma escada rolante ocupando toda a faixa e impedindo que outros subam no seu ritmo. Enfim... uma interminável história de situações!

Não gosto do que ando por aí a ver e a sentir. Eu diria que falta escola no que concerne à formação de base. E se a família não abre esse espaço (pelo que vejo a televisão também), transversalmente, compete aos professores, pelo seu exemplo e palavra falarem destes aspectos. Eu sempre o fiz, aproveitando todas as situações. Prefiro que os alunos "saibam" menos uma série de "definições dos programas para esquecer", mas que sejam bem formados em tudo o que é essencial para a vida de relação com os outros. O resto, aprende-se.

Ilustração: Google Imagens.

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