sábado, 1 de julho de 2023

Em dez anos a região perdeu 9 260 alunos

 

Obviamente que é grave assistirmos, em 10 anos, a um decréscimo do número de crianças e jovens (9 262 alunos). Ou porque se nasce menos, ou porque se emigra mais ou porque há cerca de 8 000 que não estudam nem trabalham. Seja como for, trata-se de uma diminuição que implicou menos 920 docentes e o encerramento de 93 estabelecimentos de aprendizagem. Obviamente que este facto não deve ser analisado de forma isolada, antes compaginada com muitos outros factores, entre outros, o económico. No essencial, para encontrar respostas às razões mais substantivas que conduziram a este decréscimo?



















Porque a minha formação não o permite, pois trata-se de um estudo que outros mais habilitados em várias ciências o devem fazer, resumo este meu texto apenas ao que à escola diz respeito, na perspectiva organizacional do sistema. E aí pergunto aos políticos responsáveis pela governação se dominam o conceito da designada "matriz swot" e, se o dominam, por que não o põem em marcha?

Não basta assumir, estatisticamente, que a região da Madeira dispõe de menos alunos, porventura para, sub-repticiamente, justificar o encerramento de estabelecimentos de aprendizagem. Simplesmente porque esta putativa "fraqueza" pode(ia) e deve(ia) constituir um "oportunidade". É, pois, no cruzamento das "forças" e "fraquezas", "oportunidades" e "ameaças" que se constroem novos paradigmas no quadro do desenvolvimento.

Ora, a diminuição significativa do número de alunos (uma fraqueza) de forma simples se compreenderá que o sistema podia encontrar nesse decréscimo uma grande oportunidade. Isto é, trata-se de uma conjuntura favorável ao estabelecimento de um novo, inteligente, consistente, eficiente e eficaz paradigma da aprendizagem de qualidade com repercussões no futuro. Concretamente, uma oportunidade para mudar a escola. Oportunidade, portanto, para debater, cientificamente, onde estamos, onde desejamos chegar e, finalmente, a definição dos passos que têm de ser dados para lá chegar. Se o sistema, tão ao gosto dos governantes, quedar-se pelo repetitivo choro da "fraqueza" e da "ameaça", jamais encontrará a "força" e a "oportunidade" que as mudanças exigem.

O habitual chorinho apenas serve a mediocridade de pensamento, a ausência de ambição, inovação e a criatividade e, no essencial, corresponde às medidas do tipo "penso rápido" que não resolvem os problemas de uma ferida profunda que, para já, não deixa de sangrar. O chorinho acaba por ser, claramente, a antítese do que se pretende de uma Autonomia político-administrativa pujante. Em suma, passaram-se 47 anos e ninguém é capaz de assumir uma estratégia política para a Educação. Ninguém é capaz de dizer para onde caminha.

Ora, para os estabelecimentos de aprendizagem, não é a diminuição do número de alunos que está em causa, mas sim a incapacidade de aproveitar o momento para transformar o que manifestamente, até no plano pedagógico, está errado. E não estou a pensar, apenas, nos currículos, programas e no estático "modelo" organizacional das escolas. Refiro-me, por exemplo, por uma questão de bom senso, se alguém minimamente integrado no sistema educativo, aceita como natural que um estabelecimento tenha 1 000, 1 500, 2 000, 2 500 alunos? Esses números jamais poderão caracterizar uma escola, talvez caracterizem uma fábrica da Sociedade Industrial! O espaço escola que devia ser de uma enorme afectividade transformadora, tornou-se num espaço impessoal, rotineiro e "chato".

Com números tão expressivos quanto aqueles, muito dificilmente os professores se conhecem e debatem a escola, os alunos da manhã não conhecem os da tarde, pelo que se tornam, grosso modo, peças de uma máquina que funciona formalmente (abertura e fecho, cumprimento de horários, transmissão de conteúdos, avaliações do "produto", relatórios e remessas (muitas) para o arquivo morto), numa irritante rotina completamente desfasada das necessidades do mundo real. Tendencialmente, a escola acaba por ser um espaço para não PENSAR, um espaço e um tempo de vida quase perdidos e de angústia para todos. Tenhamos presente o que os alunos dizem da escola e os números assustadores de "depressões" entre professores.

Senhores da política, pensem na matriz SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats) e deixem-se de lamechas!

Ilustração: Google Imagens

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