sábado, 22 de outubro de 2016

COITADAS AS CRIANÇAS... O PESO DE UMA MOCHILA ESCOLAR PAGARIA EXCESSO DE BAGAGEM!


Estive à porta de uma escola. Eram 18 horas. Um ou outro saía com a mochila às costas ao encontro dos pais e/ou familiares, enquanto a generalidade usava um "trolley", tantos são os livros, cadernos, lanches, equipamentos de desporto e outros necessários ao "dia de aulas". Trata-se de uma escola que concentra crianças e jovens de várias idades, desde muito cedo até ao final da tarde. Pesei uma dessas "malas de viagem". Onze quilos e meio para uma criança de 5º ano, com cerca de 30 kg de peso corporal. Carrega, uns dias menos do que outros, um terço do seu peso. O peso da "mala da viagem escolar" diária, em uma companhia aérea de baixo custo, pagaria excesso de bagagem. Sem apelo!


A pergunta é esta: para quê? Será este o peso do saber? Certamente que não. O assunto não é novo, eu sei. Há anos que são desenvolvidos estudos sobre este preocupante assunto. Um desses estudos revelou que "81,1% das crianças levam peso a mais na mochila". Médicos especialistas consideram que o peso da mochila deveria se situar entre 10 a 15% do peso corporal. No caso daquela criança o peso não deveria ir além dos 4,5 kg. E assim vamos, com mais disciplinas, mais carga horária, mais horas passadas na escola e mais peso para transportar. Para quê? 
Hoje é normal vermos, por exemplo, os advogados, entrando nos Tribunais, transportando os processos em um "trolley". As crianças cedo se habituam à imagem dos adultos. Ao invés de analisarem o que está mal neste processo, o que tem sido desenvolvido e aconselhado aos pais é a distribuição dos materiais na mochila e o cuidado na sua aquisição, isto é, se são ou não almofadadas. Os problemas na coluna resolvem-se mais tarde, com custos acrescidos para o Estado.
O sistema educativo esquece-se que as "(...) dores nas costas são a causa mais frequente das visitas ao médico. As doenças que afetam a coluna representam mais de 50% das causas de incapacidade física e que se estima que 7 em cada 10 portugueses sofrem ou já sofreram de dores nas costas. Independentemente deste factor de relevante importância no plano da saúde, a questão essencial que se coloca é se a formação básica se mede por quilos? Ou será, deixo às vossas considerações, que existem outros formatos de aprendizagem que conduzem ao saber dispensando a necessidade do sacrifício?  
Ilustração: Arquivo próprio

Sem comentários:

Enviar um comentário