domingo, 23 de outubro de 2016

ESTE ANO VAIS SER O MELHOR GOVERNANTE! BORA LÁ?


O Professor Jorge Rio Cardoso veio apresentar à Região um livro a que deu o título: "Este ano vais ser o melhor aluno! Bora lá?". Uma apresentação que contou com a presença do presidente do governo regional e do secretário regional da Educação. Não li o livro. Por curiosidade, talvez o faça, embora entenda que o problema não está, segundo li, na organização, técnica e estratégia de estudo, mas no próprio sistema educativo. Se não for alterada a concepção organizacional e pedagógica e tudo o que se encontra visivelmente exposto a montante da Escola, as desestruturações familiares, o desemprego, a pobreza, a mentalidade, parece-me óbvio que o "Bora lá" ficará por aí. A própria experiência de vida do autor, onde se inclui alguns momentos de repetência, podem não ser generalizados ao universo das crianças e famílias. O Professor Jorge Cardoso é um caso de enaltecer, mas apenas isso, quando as variáveis do insucesso são múltiplas e extremamente complexas. Mas não é o texto em livro que aqui me traz, mas as políticas que suportam a Educação.


Estava eu a ler o texto do essencial que se terá passado na apresentação do livro e na minha cabeça baloiçava um outro título possível e porventura oportuno: "Este ano vais ser o melhor governante! Bora lá?" Os políticos que apadrinharam esta apresentação deveriam ler o título de capa substituindo a palavra aluno por governante. Porque é deles e das políticas que poderão implementar que se alcançará uma melhor sociedade e, por extensão, uma melhor escola. Ou vice-versa. É difícil, pois é, romper com muitas décadas de rotinas. Imagine-se o caso dos alunos que chegam à escola com défices significativos a vários níveis! É a "história" que se conta, com humor, do falso cientista que perante uma plateia, com uma rã sobre a mesa, apresentou uma teoria: cortou uma pata à rã e disse-lhe: salta rã. E a rã saltou. Sucessivamente foi cortando patas e com maior ou menor dificuldade a rã foi saltando. Quando cortou a quarta pata a rã não saltou. Conclusão: a rã sem patas é surda! Pois é, não basta dizer "Bora lá!", porque há muitas "patas" cortadas nas crianças e jovens que chegam à escola. É por isso que eles não ouvem. Nem o sistema lhes proporciona formatos motivadores para que oiçam. Daí que, para os políticos, o título do livro deveria motivá-los naquele sentido: "Este ano vais ser o melhor governante! Bora lá?" 
Ilustração: Google Imagens.

Sem comentários:

Enviar um comentário