segunda-feira, 31 de outubro de 2016

O PROBLEMA NÃO ESTÁ EM "COMO FAZER" A MUDANÇA, MAS NA CORAGEM DE ROMPER COM O SISTEMA


É preciso mudar. A palavra "mudança" está, cada vez mais, na ordem do dia do sistema educativo. O caminho no qual permanecemos está esgotadíssimo. Eu diria que a instituição escola encontra-se moribunda, ligada a uma complexa máquina que possibilita a sua "respiração" diária, porém, sem possibilidades de regresso à vida normal, de acordo com os quadros que hoje se entrecruzam. À esta escola tradicional, cujos traços fundamentais se mantêm, digo "paz à sua alma". O problema é que, com alguma regularidade, falando sobretudo com colegas, invariavelmente, a questão que é colocada gira em redor de "como fazer" essa mudança, como gerar uma escola que abandone a lógica do "toca-entra-toca sai", em um vaivém de disciplinas curriculares e de programas desintegrados e, muitas vezes, sem sentido? 


Pois é, falta-nos formação e sobretudo coragem. Talvez por acomodação, até porque um novo sentido organizacional de escola, de facto, dá muito mais trabalho. Implica destruir ideias pré-concebidas sobre a aprendizagem, deitar abaixo muitos e resistentes muros, romper com muitos anos de rotinas e de burocracias, colocar em causa o modelo único, libertar-se das amarras, afrontar o poder político, implica, em contraponto, trabalhar em equipa, co-responsabilizar-se e assumir que existe uma evidente desconformidade entre as dinâmicas deste século e as do séculos XVIII/XIX/XX.
Apesar de tudo, um pouco por todo o lado, começam a emirgir sinais de descontentamento, até porque, por um lado, a informação circula e há um maior número de iniciativas de formação que trazem no seu bojo a necessidade de rompimento com estratégias erradas, por outro, porque os professores, em maior número, interrogam-se sobre a desmotivação, a ausência de interesse e as razões da indisciplina.
O problema não está em "como fazer", mas na decisão que há um novo caminho a percorrer. Ainda há dias li a caracterização organizacional e pedagógica do agrupamento de Carcavelos. Onde não se chumba, pasme-se! Mas há outros espaços de intervenção de sucesso. Talvez o mais conhecido seja o da Escola da Ponte. Deixo aqui uma reportagem da TVI realizada em 2015. Trata-se de uma escola com pensamento diferente, que tem sido, ao longo dos anos, pressionada, negativamente, pelo poder político, mas onde os professores, como se diz, ofereceram "o peito às balas" e estão a vencer a imposição tonta de uma escola igual para todos, como se a escola fosse um "pronto-a-vestir". Para reflectir e comentar.

 

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