sexta-feira, 9 de junho de 2023

Ou mudam ou serão mudados!


Por 
Isabel Leiria
Jornalista
Expresso - 07.06.2023

“Se o mundo mudou, o ensino tem de mudar”: Tim Vieira queria uma escola sem turmas, salas de aula e horários. Conseguiu abrir mais de 40.



Brave Generation Academy é o nome do projeto fundado há três anos pelo empresário sul-africano para alunos entre os 11 e os 19 e que vai agora ser estendido à qualificação de adultos

A ideia já existia, mas ganhou força após uma volta ao mundo com a mulher e os três filhos. Regressado ao ponto de partida, Tim Vieira decidiu lançar mãos à obra e criar uma escola diferente, “mais relevante” para a sociedade atual, centrada nos alunos e menos na instituição. “Se o mundo mudou, o ensino tem de mudar”, explica o empresário nascido na África do Sul e radicado em Portugal, que acredita que “as crianças serão mais felizes se também lhes for dada a oportunidade de fazer o que mais gostam”, conciliando passatempos com o estudo e permitindo que se concentrem nas áreas que mais lhes interessam.

Tendo o currículo britânico por base, o primeiro hub da Brave Generation Academy (BGA) foi aberto no concelho de Cascais. Hoje são mais de 40, espalhados pelo país e frequentados por 700 alunos entre os 11 e os 19 anos. Não são escolas, mas espaços abertos, sem salas de aula numeradas, sem horários fixos, sem calendários e sem professores à espera que a turma se sente à sua frente.


Num dos dois hubs localizados na vila de Cascais, os alunos entram e saem de portátil na mão, sentam-se sozinhos ou em grupo nas diferentes divisões, à secretária ou num sofá, estudam quando querem e o que querem, ao ritmo que conseguirem, ajudando-se uns aos outros e orientados por “learning coaches” (uma espécie de treinadores de aprendizagem).

Se as dificuldades aumentam com algum conteúdo, entram em ação os “course managers”, professores que ajudam a tirar dúvidas e a seguir em frente na matéria. Não é ensino doméstico ou só presencial nem apenas online, mas um modelo híbrido que permite aos seus alunos acompanhar, através de uma plataforma digital, programas do currículo britânico segundo os horários que mais lhes são mais adequados aos ritmos de aprendizagem, explica Tim Vieira.

A BGA tem a acreditação de Cambridge como escola online e os alunos podem completar o chamado o “lower secondary” - equivalente ao 3.º ciclo português -, o International GSCE e os A-levels, correspondentes ao ensino secundário, e que são concluídos através de exames internacionais, reconhecidas instituições de ensino superior em todo o mundo e permitem equivalências para o sistema de acesso ao ensino superior português.

Entre as razões que têm levado pais portugueses e estrangeiros a residir em Portugal a escolher a BGA estão a maior flexibilidade, autonomia e capacidade de gerir o tempo, aponta o fundador da BGA.

“Todos os alunos têm de vir ao hub todos os dias, por cinco horas, entre as 8h00 e as 18h00. Mas eles escolhem a que horas querem vir. É importante terem esse sentido de responsabilidade desde cedo. Podem preferir ir fazer surf de manhã e só vir à tarde. Além disso, a escola está aberta praticamente o ano inteiro. Só para duas semanas em dezembro, pelo natal, e uma em abril, pela Páscoa”.


A mensalidade tem um custo de 485 euros por mês, mas são garantidas bolsas de estudo a estudantes que não podem pagar e mostrem ter o perfil para seguir este modelo de estudo, explica ainda o empresário, que conta abrir mais hubs em Portugal e no estrangeiro, incluindo nos Estados Unidos.
ESTUDAR NUMA UNIVERSIDADE ESTRANGEIRA EM PORTUGAL

Para já, o projeto da BGA vai ser alargado a outras idades, oferecendo formação a pessoas com mais de 18 anos em duas modalidades: cursos mais curtos que permitam reconverter e atualizar competências, em regime pós-laboral; e cursos de ensino superior em parceria com um conjunto de cerca de 150 universidades estrangeiras com quem a BGA tem parcerias.

Nesta última modalidade, a licenciatura é obtida através da frequência dos hubs da BGA em Portugal nos dois primeiros dois anos do curso e só o terceiro é feita na universidade parceira, com a vantagem de permitir às famílias poupar nos custos da deslocação, destaca Tim Vieira.

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